Serial Killers, seres afáveis

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Você assiste um filme cujo personagem principal é um daqueles vilões super perturbados, um serial killer nato, o tipo de cara que pode entrar na sua casa, matar sua família com requintes de crueldade e transformar seus piores pesadelos em realidade. Aposto que já pensou em algum exemplo.

Só que a história não é contada sob o ponto de vista do detetive obsessivo que troca sua esposa pelo vilão (aposto que já pensou em outro exemplo) e consegue capturá-lo no final.

Independentemente do final, o filme proporciona que você veja a seqüência de fatos com os olhos do serial killer. Ele cometeu inúmeras barbaridades? Sim, mas durante a infância também sofreu nas mãos de uma família desequilibrada, ou então viveu experiências horríveis em um orfanato.

No final não necessariamente você desiste da idéia de que o cara deveria ser preso (esperamos que não desista inclusive), mas o contato com um ponto de vista do personagem causa um efeito, digamos assim, bastante interessante.

Você até pode não concordar com toda aquela selvageria, mas entende sua origem. Então você começa a pensar...se sua infância fosse parecida com a daquele cara, será que você não teria tomado atitudes muito parecidas? Onde estaria sua sanidade mental nesse momento.

E é aí que, por mais que você tenha aplaudido quando o policial finalmente conseguiu capturar o personagem, no fundo no fundo você até sente alguma compaixão por ele.

Então agora eu faço duas perguntas:

1-Se o serial killer contasse sua história em 10 telas de PowerPoint com frases como "1973: fui espancado pelo meu tio", qual seria a chance de você ter alguma compaixão no final da palestra?

2-Se te contam uma história sob o ponto de vista de um cara que comete crimes hediondos, e no final das contas você até passou a achá-lo simpático, do que mais uma história bem contada pode te convencer?

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  1. Responda rápido: Um homem matar outro homem é errado? Sim ou não?

    E um homem matar um outro, no caso um homem-bomba que estava prestes a explodir uma escola cheia de criancinhas é errado? Ou ele seria um herói?

    Mas e se ao chegarem próximo ao corpo descobrissem que ele não era um homem bomba mas, sim, um árabe vendedor de bichinhos que guardava sob uma jaqueta larga? O matador passa a ser um vilão?

    Percebe como os detalhes alteram tudo? Esse é o poder da história:
    não é o ato em si, mas o contexto em que ele está inserido...

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  2. Brunão,

    Boa sorte na nova fase.

    Um forte abraço,

    G Schreuders

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  3. Já li que o cinema tem criado vilões tão fantásticos que muitas vezes roubam a cena do mocinho. Já me peguei muitas vezes torcendo para o vilão, mas como o Fernando falou em seu comentário, depende do contexto e a forma como a história é contada.

    Passei a ver os "vilões" das telas e da vida real de forma diferente (não justificando os erros, mas tentando entender o porquê) desde que assisti "A Cela". O vilão é abominável e terminamos o filme com pena dele e do que ele se transformou. É incrível a forma como a história é abordada.

    Legal este seu post Bruno, um assunto muito interessante e dá um ótimo debate. O comentário do Fernando ainda colocou mais lenha na fogueira.

    Encontrei este seu blog no orkut, na comunidade Literatura Brasileira.

    Abraços,
    Berenice

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