O valor da história

Não é de hoje que pipocam notícias sobre novos negócios especializados em vender produtos, objetos e serviços com histórias agregadas.

Esse site foi um dos assuntos mais comentados na blogosfera nas últimas semanas. É um portal onde garotas vendem jóias que ganharam de ex-namorados canalhas (ou não, mas para elas todos são). O toque de crueldade está no fato de que, antes de ofertarem as jóias, as mulheres têm que descrever como a ganharam e porque estão repassando pra frente. Não preciso dizer que essa é a melhor parte do site né?

Outro fato curioso foi o leilão dos bens do megatraficante Juan Carlos Abadía (foto). Na notícia dada pelo Estadão o repórter diz que "O público(...)demonstrou poder de compra e indiferença ao fato de os artigos terem pertencido ao colombiano". O que ele não sacou é que foi justamente isso que atraiu as pessoas, dando mais mística a cada objeto. Os compradores falarão sem nenhuma vergonha que esse ou aquele objeto pertenceu a um homem de muito poder. Abadía é uma notícia ruim do ponto de vista da sociedade, mas dá uma ótima história.

Mas, no Brasil, nenhuma história vale mais do que a da Petrobrás. Nas últimas eleições o Alckmin estava ensaiando uma virada no segundo turno quando o Lula usou uma tática brilhante para derrubá-lo. Começou a falar que seu adversário privatizaria a Petrobrás. Discussões a parte sobre ativos, passivos, eficiência das estatais e coisas assim, o ponto é que nenhum dinheiro (ou quase nenhum) pagaria pela história da empresa, ou seja, por tudo que ela representa para o povo brasileiro. Antes de privatizar a Petrobrás, teriam que substituir sua história atual por uma mais fraca.

Ponto para as marcas que entenderam isso, como a adidas, que fez esse filme maravilhoso.