Vale a pena ler a Autobiografia do Will Smith?


 
Vou fazer mistério, deixando a resposta para o fim. Até porque eu mesma ainda não terminei de ler. Uma coisa eu já adianto: foi um livro que me surpreendeu muitas vezes. Por exemplo, você sabia que o Will Smith começou a carreira como um rapper? Digo mais: um rapper de sucesso! A ponto de ter sido citado por ninguém menos que Eminem em uma de suas músicas de maior sucesso.

A grande surpresa, no entanto, é o quanto o tema “storytelling” é abordado – e não somente nas entrelinhas.  Em determinados trechos, a lógica da contação de histórias é explorada de maneira mais didática e explícita.

Will Smith, que se auto intitula “contador de histórias”, chega a afirmar que um dos livros que mais marcou a sua vida foi “O herói de mil faces”, de Joseph Campbell. A jornada do herói se tornou seu guia para criação de personagens interessantes, fornecendo recursos para transformá-los em protagonistas memoráveis.

Ele percebeu que a mente humana busca por histórias, sobretudo aquelas que inspirem a “volta por cima”. É exatamente por isso que a jornada do herói funciona tão bem - não apenas nos grandes sucessos de bilheteria dos cinemas mundiais, mas também nos best-sellers da literatura.

O Alquimista, de Paulo Coelho, por exemplo, foi o primeiro caso de amor literário de Will Smith (e ainda é uma das suas maiores referências). Apesar de muitos brasileiros torcerem o nariz para o autor brasileiro, seu talento em contar histórias que cativam é inegável. E por que cativam? Dentre vários motivos, se destaca a utilização dessa fórmula tão manjada quanto eficaz.

É interessante perceber, contudo, que a ligação de Will Smith com storytelling surgiu muito antes do contato com esses conceitos. Ele entendeu storytelling na prática, sentindo seus efeitos na pele.

Quando criança, a habilidade de contar histórias engraçadas foi desenvolvida por ele como um mecanismo de defesa surgido a partir do medo que ele sentia de seu pai. Ele sentia culpa pelos episódios abusivos do seu genitor, sempre autoritário e por vezes violento.

Ao fazer os familiares rirem das suas piadas, ele redirecionava a energia de briga para a alegria. Sendo assim, desde muito cedo, seu primeiro impulso sempre foi transformar a realidade em algo melhor, de modo que a verdade não machucasse tanto.

Na adolescência, a habilidade de contar histórias ganhou outra dimensão. Além de um recurso protetivo na vida pessoal, foi o mecanismo que fez com que ele se destacasse em sua primeira profissão, a de rapper.

Ele formou uma dupla com Jazzy Jeff, DJ que detinha enorme sofisticação musical e conhecimento profundo desse universo. O que eles fizeram juntos foi revolucionário. Will fazia versos que contavam uma história (storytelling aplicado à música). Cada verso levava ao próximo, implorando ao ouvinte que terminasse de escutar a canção para descobrir o que acontecia no final.

DICA: Se você, assim como eu, desconhecia esse passado do ator, sugiro que explore suas músicas. São bem divertidas. Eu, particularmente, adorei Girls ain’t Nothing but Trouble.

É óbvio que algumas pessoas já nascem com uma inclinação natural a serem engraçadas. Mas, sendo a comédia uma extensão da inteligência, com observação, estudo e perspicácia, é possível aplicar o humor às suas histórias. O próprio Will Smith credita à disciplina a lapidação do seu talento.

Aliás, o próprio professor Fernando Palacios já afirmou que humor é uma habilidade treinável na escrita. Para quem deseja desenvolver ou aprimorar essa técnica, ele recomenda o livro: “The Comic ToolBox – how to be funny even if you´re not”.

Se você, por acaso, ainda está na dúvida se deve ler “Will”, escrito em coautoria com Mark Manson, vá em frente, que eu te garanto: mais do que uma biografia, ele é um livro técnico, cheio de dicas para quem busca o sucesso... escrito de um jeito leve, que arranca risos e sorrisos o tempo todo. Existe algo mais poderoso do que o humor?

Com amor, Flávia Monjardim.

PS: Este é meu primeiro texto para o blog. Ainda estou pegando o jeito de como escrever por aqui. A minha ideia é dividir semanalmente minhas percepções sobre histórias que me marcaram e, eventualmente, dar pitacos sobre storytelling. Qual deveria ser meu próximo tema?

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