ENTRE STORY E TELLING



Abrir o computador para escrever, respirar fundo alguma inspiração que esteja viajando pelo ar e bater os dedos nas teclas do computador. É assim que imaginamos a vida de um escritor. Mas na verdade não é bem assim que a coisa funciona. Entre o story e o telling existe uma jornada, vezes longa, outras nem tanto, mas toda história é uma jornada para o autor.

Cada história é um filho, uma gestação cheia de vontades estranhas por inspiração e vômitos de vírgulas que não deveriam nunca ter saído de nós. Toda história é um pouco do passado, um pouco do presente e, talvez, um pouco do futuro. Sempre tropeçamos em pontos e reticências. É como uma corrida com obstáculos onde temos um objetivo, mas não sabemos muito bem o que teremos de enfrentar.


Por isso, depois de muitas tentativas frustradas, começo no papel. Criar personagens é como conhecer pessoas, a gente pensa em alguém, roupas, cabelo, profissão... Mas antes disso, pensamos no nome e sobrenome, quanto mais íntimo você for do seu personagem, melhor, afinal, esse é só o começo da sua jornada e vocês vão ficar juntos por algum tempo. Já sei quem são meus companheiros, mas ainda não sei onde estou. É hora de explorar o lugar, pode ser uma sala cheia de portas, um corredor com uma porta solitária, não importa, ande, pegue metrô, ônibus, aproxime-se de onde você vai viajar, isso nos traz segurança, na escrita e na vida real.

Volta naquela ideia lá do começo, agora ela não parece tão boa, mudo de ideia ou só decido mudar ela de roupa, decido quem vai contar a história, eu ou um dos meus amigos? Coloco no papel o que é que vai acontecer. Pelo menos o que é que eu planejo. Planos sempre mudam no meio do caminho, mas faz falta quando não temos nenhum. Vamos viver um pouco, passear com os “amigos” pelo lugar, conhecer os personagens melhor, vai que você descobre, sem querer, que um deles é alérgico a azeitonas, ou que o falta uma escola na cidade. O Story é sobre conhecer melhor a sua história e as pessoas envolvidas nela. Uma hora você vai achar o que quer contar, tenha paciência e viaje em paz.

Nenhum dia de trabalho é perdido, quando voltamos de uma viagem, por exemplo, temos duas coisas que iremos contar: os detalhes que nos impressionaram e os momentos em que tudo deu errado. Quando está tudo bem, a cerveja está gelada, o avião não atrasa e todas as sua malas chegam ao destino não dá vontade de contar nada pra ninguém, mas a bronca que levou do segurança por tirar foto dentro do museu, isso é sempre motivo de risada na mesa do bar.

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