PÁGINA EM BRANCO

Durante trĂȘs meses eu escrevi uma histĂłria. E nĂŁo escrevi ela sozinho. Durante trĂȘs meses eu escrevi uma histĂłria com outra pessoa. Uma histĂłria leve, divertida e envolvente. Semana passada eu entrei em pĂąnico. Percebi que a histĂłria que eu tinha criado estava mais complicada do que eu imaginava. Vi que talvez ela nĂŁo tivesse um final feliz. Ou que nem mesmo teria um final... que poderia resultar em nada de uma hora para outra me deixando com muitas pĂĄginas preenchidas a serem jogadas no lixo. EntĂŁo tive medo de seguir em frente.

Como Storyteller, resolvi que não queria um final ruim para aquela história. E decidi que não estava pronto para investir em uma coisa que achava quase impossível de dar frutos. Então desisti de tudo. Desisti achando que era o certo a se fazer. Achando que não valeria a pena correr o risco de enfeiar uma história tão divertida como aquela. E que, jå que ela provavelmente não daria em nada, deveria desistir de tudo logo ali no começo.

Eu estava errado. Hoje vejo isso. E hoje sofro por isso. NĂŁo consigo deixar de pensar no que teria acontecido se eu tivesse continuado a histĂłria. Afinal, ela era complicada... mas me envolveu muito mais do que eu esperava!

Infelizmente, de nada vale meu arrependimento. A histĂłria nĂŁo era sĂł minha. E agora eu tenho que levar em conta os sentimentos da pessoa que estava a escrevendo comigo.

EntĂŁo, depois de trĂȘs meses, hoje eu estou diante de uma pĂĄgina em branco. E isso me assusta. Afinal, o novo assusta! É difĂ­cil começar qualquer coisa do 0. É uma proposta tentadora e sedutora quando estamos fatigados de algo costumeiro, mas Ă© preciso ter muita coragem para começar a escrever qualquer coisa em uma pĂĄgina em branco.

Pegue sua vida como exemplo. Se vocĂȘ pudesse escrever exatamente como ela estaria no dia de amanhĂŁ, o que vocĂȘ acha que escreveria? É fĂĄcil pensar em coisas como “eu ganharia na loteria” ou “eu comeria a Megan Fox”. O difĂ­cil Ă© colocar essas coisas em um contexto que realmente se encaixem. Em algo tangĂ­vel e sĂłlido.

Vamos usar novamente sua vida como exemplo. Pense em coisas possĂ­veis de acontecer e que vocĂȘ quer que aconteçam. Em seguida escreva em uma folha em branco como vocĂȘ gostaria que sua vida fosse daqui para frente baseado nesses pensamentos. Agora tente viver a vida que vocĂȘ acabou de escrever. DĂĄ medo, nĂŁo dĂĄ?!

O novo assusta porque muitas vezes nĂŁo sabemos o que queremos. E porque, quando sabemos, Ă© difĂ­cil contextualizar nossas ideias. Por isso Ă© tĂŁo difĂ­cil nos desligarmos de velhas histĂłrias, embora muitas vezes seja necessĂĄrio. Mesmo assim, para superar o medo de uma pĂĄgina em branco sĂł existe um jeito: pensar no que queremos escrever e começar a escrever de fato! Depois das primeiras palavras, tudo fica mais fĂĄcil. Inclusive no caso de que vocĂȘ tenha que apagar tudo e começar de novo. Pelo menos as marcas no papel te servirĂŁo como sinais do que vocĂȘ deseja expressar.

















Agora eu estou diante de uma pĂĄgina em branco. Eu jĂĄ sei o que eu quero. Ou pelo menos acho que sei. SĂł preciso escrever as primeiras palavras...

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