Sacanagem com Storytelling…

A última grande reinvenção da indústria pornô mundial conta, especialmente, com boas histórias.

Em um filme pornô, um cara qualquer encontra uma garota qualquer, em uma situação qualquer, e eles começam a transar loucamente. Roteiro? Falas? Trama? Nada disso precisa ser bem elaborado, contanto que as cenas de sexo sejam excitantes (e muitas vezes explícitas) o bastante. Essa é a concepção de boa parte da indústria pornô mundial, mas ultimamente as coisas estão mudando. O mundo quer histórias, e a pornografia não escapa dessa demanda.

Depois da segunda onda feminista, Candida Royalle, uma das mais respeitadas atrizes pornô da “época de ouro” da indústria, decidiu em 1984 encarar as câmeras pelo outro lado e fundou a Femme Productions, que procurou satisfazer um crescente público de senhoritas e senhoras emancipadas pelo movimento.

A Femme Productions inauguraria, no fim dos anos 1980, os alicerces da “erótica feminina”. A base desta, nas palavras de Candida, “eram histórias realistas encenadas por homens e mulheres com os quais o público pudesse se identificar”.

Logo, a Femme Productions emplacou com um hit. Mas um hit prematuro. Foi apenas nos anos 2000 que a revolução da indústria seguiria seus passos de fato.

A partir de 2004, produções com aprumo estético, histórias envolventes e sexo magnificamente bem filmado, começam a fazer sucesso e nomeiam um gênero próprio: o art-core.



“O gênero é uma parte crescente de um mercado independente e alternativo dentro dessa indústria. Aos poucos serão derrubadas as grandes companhias que insistirem em retratar o sexo como um ato despido de paixão, estéril, plástico e impossível de criar identificação” disse Erika Lust, uma das mais renomadas diretoras do art-core dos últimos tempos, em entrevista para a Playboy no começo do ano passado.

Pensando em tudo isso, surge outro aspecto do sucesso do gênero: pautar um pornô a partir da visão feminina torna o art-core perfeito para assistir a dois. Muitas mulheres que antes ficavam ressabiadas com filmes pornográficos hoje se assumem como fãs do estilo. Dúvida? Então pense no sucesso de 50 Tons de Cinza, e veja se não existem semelhanças com tudo colocado aqui. Aliás, o próprio 50 Tons de Cinza foi muito taxado de literatura pornô para mulheres!




Não é que o entregador de pizza e a moça sem troco vão deixar de existir, ou que o professor malandro e a aluna que vai repetir de ano se tornem coisa do passado. Isso não vai acontecer especialmente porque a indústria pornô é tão grande que há espaço para todo o tipo de produções. Entretanto, a tendência diz que haverá uma história maior por trás desses personagens de agora em diante.



Agora, se algo tão primitivo, animalesco e humano como a pornografia está com uma demanda crescente por boas histórias, por que com a sua marca seria diferente?

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