OITNB: O segredo das histórias que não contamos



J.K. Rowling, autora da aclamada saga "Harry Potter" já deu algumas dicas para novos autores em que disse escrever personagens, que não apareceram nos livros.  Muitos podem se perguntar: qual é a função de tudo isso?

De certo, os leitores não terão contato imediato com a profundidade dramática que existe em pedaços de personagens, surgindo na narrativa. Mas sabe aquele olhar sofredor, ou aquela frase dita de maneira desesperançosa por pessoas que ocasionalmente encontramos em situações degradantes da vida real?  Eles podem ser reveladores, como os do seu personagem... Qualquer um que pare naqueles segundos e reflitam sobre a entonação, as rugas e a construção das palavras, vai encontrar uma narrativa incorporada dentro da cena.  É como se você contasse, de maneira subjetiva uma outra história ali dentro.

Aliás, a série Orange is The New Black define bem o conceito de trama da história, como este aglomerado de linhas (vidas) se entrelaçando de uma maneira, que faça sentido para a audiência. 


Sinceramente, a protagonista parece ser a peça que dirige o show, enquanto entramos em contato com outras personagens que nos comovem. É o caso de Suzanne "crazy eyes", uma detenta que tem sua sanidade questionada por ela mesmo e pelo espectador constantemente.  Em um dos momentos mais interessantes da primeira temporada ela, que está se aproximando emocionalmente de Chapman (a protagonista) pergunta: "Por que as pessoas me chamam de Olhos Malucos?" ... a pergunta ecoa em nosso próprio julgamento sobre ela





É engraçado que ela está entre as detentas mais queridas pelos fãs da série e ao mesmo tempo em que nos conectamos profundamente a esta (e outras personagens) figura, todo o seu passado e o que a levou a prisão é um tremendo mistério.  O que sabemos [SPOILER] 

... 


Foi revelado na segunda temporada. Suzanne foi adotada por um casal que pensava ser infértil, mas que no final conseguiu ter por “milagre” uma filha biológica, Grace. E alguns flash backs revelam que sua relação com a irmã adotiva pode ter sido prejudicada, principalmente por ela ser negra.

Mais tarde vemos Suzanne perder o controle no momento de cantar uma música, na escola.  Algo que ela já havia sugerido no episódio final da primeira temporada "não quero que aquilo aconteça de novo".

O que seria aquilo? Como a mesma pessoa é capaz de apresentar traços de doçura e insanidade? Fortaleza e desestabilidade emocional? 


A resposta, apenas a série pode nos conceder. Evidentemente, o que encontramos é um primoroso trabalho, aonde a autora Lauren Morelli precisou chegar a um nível de realismo detalhado da personalidade e das motivações de cada mulher que passasse pela penitenciária de Lichfield.  Este parece ser o segredo, se embrenhar nas emoções humanas e descobrir o que traz elas a tona.   


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