Os NOVOS Fundamentos do Storytelling: o que mudou de uma década pra cá
10 anos depois: a Ferrari virou Uber (e todo mundo quer uma carona)
Lembra quando eu disse que usar storytelling como ferramenta era como usar Ferrari para transportar tijolos?
Pois é. A Ferrari virou Uber.
E agora todo mundo pede carona.
O que é Storytelling em 2025?
Se em 2013 eu precisava explicar que Story é uma coisa e Telling é outra, hoje preciso explicar por que todo mundo acha que sabe contar histórias.
Spoiler: não sabem.
Story continua sendo o fogo abstrato que vive na mente. Telling continua sendo a madeira tangível que permite o fogo aparecer.
Mas agora temos um problema novo:
Excesso de madeira. Falta de fogo.
"Hoje, storytelling não é mais o que nos diferencia dos outros animais. É o que nos diferencia dos outros profissionais."
Todo mundo conta histórias. Nem todo mundo tem uma história para contar.
Por que Storytelling deixou de ser conceito novo?
O Google Trends que não me deixa mentir. Olha o que aconteceu:
2013: Crescimento exponencial 2018: Pico máximo 2024: Estabilização... ou seria saturação?
Sabe o que isso significa?
Storytelling deixou de ser diferencial competitivo. Virou requisito mínimo.
É como saber usar e-mail. Ninguém mais coloca no currículo.
Quando foi que viramos todos contadores de histórias?
A pandemia acelerou tudo.
LinkedIn virou livro de contos. Zoom calls viraram sessões de campfire stories. PowerPoint morreu. Nasceu o "storydeck".
E aí veio a overdose:
"Deixa eu contar uma história..." (são os dados do trimestre) "Era uma vez um KPI..." (é planilha, cara) "A jornada do nosso produto..." (é feature nova)
Resultado?
"Transformamos toda comunicação em narrativa. Mas esquecemos de ter algo relevante para narrar."
Por que o mundo corporativo está CANSADO de Storytelling?
Primeiro, vamos combinar uma coisa: não estão cansados de Storytelling com S maiúsculo. Estão cansados de storytellinho.
A diferença:
Storytelling: Netflix contando como revolucionou o entretenimento Storytellinho: Empresa de parafusos fazendo post motivacional
Storytelling: Apple mostrando como um produto muda vidas Storytellinho: App de lista de compras com "jornada do herói"
Percebe?
Como a IA hackeou o jogo (e o que fazer agora)?
ChatGPT escreve 50 histórias por segundo. Qualquer um pode ter "boa narrativa". O Telling foi democratizado.
E o Story?
Ah, o Story continua aristocrático.
"IA pode contar qualquer história. Mas não pode viver nenhuma."
Por isso vejo executivos implorando:
- "Menos história, mais verdade"
- "Menos jornada, mais dados"
- "Menos metáfora, mais métrica"
Tradução: queremos Story de verdade, não Telling maquiado.
As mutações que ninguém esperava
Micro-storytelling virou a norma
Atenção média: 8 segundos (goldfish tem 9)
Antes: "Vou contar uma história de 15 minutos" Agora: "Vou fisgar você em 0.3 segundos"
TikTok ensinou que história boa cabe em 15 segundos. Twitter provou que drama cabe em 280 caracteres.
Mas cuidado:
"Micro-telling sem macro-story é como trailer sem filme"
Data Storytelling (números que emocionam)
Lembra quando falei que anúncio bom tem personagem com nome?
Hoje, os números são os personagens:
- Spotify Wrapped: seus dados são a história
- GitHub: seu código conta sua evolução
- Strava: sua corrida vira narrativa épica
O plot twist? Dashboards viraram os novos romances.
O lado sombrio (que prefiro não esconder)
Weaponização narrativa
Fake news? São histórias bem contadas. Golpes? Narrativas impecáveis. Manipulação? Storytelling niveau expert.
"A mesma técnica que construiu religiões pode destruir democracias"
Autenticidade sintética
"Seja vulnerável" virou script. "Mostre o erro" virou estratégia. "Humanize a marca" virou checklist.
Quando autenticidade tem manual, já era.
O que aprendi errando por 17 anos
Timing vale mais que talento
2007: "Vou ensinar storytelling!" Mercado: "Storia... what?"
2013: "Storytelling é o futuro!" Mercado: "Interessante..."
2020: "Todo mundo precisa de storytelling!" Mercado: "Já sei, obrigado."
Lição dolorosa: pioneiro demais vira mártir.
O paradoxo do especialista
Quanto mais você sabe sobre storytelling... Menos natural fica seu storytelling.
É como o centopeia que pensou sobre como anda. Travou.
"Às vezes, amadorismo é genialidade disfarçada"
Minhas previsões para 2034 (prepare-se para rir)
1. Story-living (além do telling)
Não vamos mais contar histórias. Vamos vivê-las em tempo real.
Reunião? É quest multiplayer. Relatório? É série com temporadas. Produto? É universo expandido.
2. Narrativa quântica
Histórias que mudam baseadas em:
- Quem está ouvindo
- Quando está ouvindo
- Como está se sentindo
Cada interação gera versão única. Impossível ter spoiler.
3. Blockchain narrativo
Histórias com "proof of truth". Transparência radical verificável. Mentira corporativa impossível.
(Essa eu duvido, mas vale sonhar)
A única verdade que continua verdade
Em 2013 escrevi que storytelling nos diferencia dos animais.
Ainda acredito.
Mas descobri algo mais profundo:
"Não contamos histórias porque somos humanos. Somos humanos porque contamos histórias."
Podemos ter IA. Podemos ter metaverso. Podemos ter chip no cérebro.
Mas enquanto precisarmos de sentido... Precisaremos de histórias.
Meu pedido para os próximos 10 anos
Para de tentar "aplicar storytelling". Começa a viver histórias que importam.
Para de perguntar "como conto melhor?" Pergunta "tenho algo que vale contar?"
Para de buscar a fórmula perfeita. Busca a verdade imperfeita.
Porque Ferrari que transporta tijolo ainda é Ferrari. Mas Ferrari que transporta sonhos...
Essa muda o mundo.
O futuro do Storytelling? Você decide
Daqui 10 anos, quero escrever outro update. Quero estar errado sobre coisas mais interessantes. Quero que você me prove que subestimei o poder das histórias.
Qual história você vai viver até lá? Clique aqui pra contarmos juntos!
Fernando Palacios continua sem bola de cristal, mas agora tem 17 anos de previsões erradas documentadas. E sabe que a melhor forma de prever o futuro é criá-lo. Uma história por vez.
PS: Se você leu até aqui, parabéns. Você ainda tem atenção maior que goldfish. Use esse superpoder com sabedoria.
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