QUARTA-FEIRA-DE-CINZAS: MANTENHA A FANTASIA
Mantenha a fantasia. NĂŁo a roupa de pirata, rainha
ou soldado. A fantasia que vocĂȘ carrega na imaginação. Hoje vocĂȘ Ă© um rei que
circularĂĄ pela cidade inteira, em meio aos sĂșditos. Um mendigo que em vez de
dinheiro deseja recolher moedas de alegria. Uma bruxa que usa o sorriso atroz
para espantar a tristeza. Um vampiro eleito sĂndico do prĂ©dio. A Ășnica regra Ă©
ser o que nĂŁo se costuma ser.
Quando o gĂȘnio da lĂąmpada surgir, peça trĂȘs desejos,
quatro, cinco. Pouco importa se hĂĄ possibilidade de serem realizados. Procure por
alguém com uma bola de cristal, pergunte pelo futuro, pelo que as estrelas
estavam querendo dizer ao se alinharem com a galĂĄxia mais distante.
Viaje. Viaje sem dar um passo. VocĂȘ verĂĄ com quantos
anĂ©is se faz um planeta. Com quantas nuvens se faz um cĂ©u. Com quantos bĂȘbados
se faz um sĂłbrio e com quantos loucos se faz uma pessoa sĂŁ. Coloque a coroa de
papel e finja que o jornal aberto Ă© um tapete mĂĄgico para vocĂȘ sobrevoar os
oceanos.
As notĂcias vĂŁo chegar por meio de uma garrafa
atirada nas åguas, ou uma grande mentira serå soprada aos quatro ventos. Ouça,
anote. Comece pela fantasia, descontinue pela realidade, vire a segunda Ă
direita e pronto. Nada pronto. Pare, respire e se inspire.
Ă Carnaval. Era. Pode ser um bloco. Poderia. Na
quarta-feira-de-cinzas, vi um storyteller, afastado da multidĂŁo, com um cartaz
pendurado no pescoço por um barbante, onde se lia: “mantenha a fantasia”.
ComentĂĄrios
Postar um comentĂĄrio