O PRIMEIRO HERÓI NACIONAL, LITERALMENTE




O Simca Chambord possuía uma carroceria das mais luxuosas, com acessórios totalmente inúteis no Brasil. Suas linhas eram vistosas e os materiais usados no acabamento também.  Mas o carro tinha muitos defeitos; deles, o mais aborrecido era uma embreagem que patinava constantemente. Outros possuidores queixavam-se também de problemas na parte elétrica e, mais tarde, verificou-se que seus motores gastavam muito óleo. Assim, os primeiros Simcas foram apelidados de “Belo Antonio”, por causa de um filme exibido na época, cujo protagonista principal, Marcelo Mastroiani, era um homem bonito, requisitado por todas as mulheres, mas que na hora “agá “não funcionava”. Entre 1960 e 1961 a empresa ensaiou pedidos de falência. Só não aconteceu porque um herói entrou em cena...



Enquanto isso, na indústria do entretenimento uma revolução estava prestes a acontecer. No dia 3 de janeiro de 1962, foi ao ar o episódio piloto do primeiro seriado nacional. Era a história de um Vigilante Rodoviário e seu inseparável companheiro, o cachorro Lobo. Havia no ar um clima de apreensão, ninguém sabia se aquilo vingaria ou não. A audiência na época demorava dias para ser medida e só veio uma semana depois, anunciando: 33 pontos de audiência! No segundo episódio a audiência subiu para 55 pontos e não parou de subir, até que obteve 92% de audiência em São Paulo. Era oficial: o primeiro herói nacional era também o primeiro fenômeno nacional da TV brasileira.

No início do seriado, o Vigilante patrulhava as estradas com a moto Harley Davidson, sempre com o Lobo a tiracolo, sem problemas. Até o dia em que o cachorro queimou a pata no escapamento da moto e a partir de então ficou arisco. Não queria mais subir no veículo e teve que ser substituído por um boneco nas cenas... uma situação que não poderia durar muito. Aí que as histórias se cruzam.


O cão teria que sair da moto e entrar num carro. A produção não tinha dinheiro para isso, então negociou com a montadora que tinha mais automóveis em seu páteo. Mas ainda tinha um problema: com a fama do veículo, ninguém acreditaria que ele serviria para caçar bandidos. A solução foi no melhor estilo de Storyplacement: a estreia do Simca Chambord no seriado foi com o episódio O INVENTO, em que a trama começava com o fato de estar havendo muitos roubos de carros e, diante disso, o nosso Herói solicitou para que a Simca desenvolvesse um supermotor para a polícia. Eis que um engenheiro da Simca que era chantageado por bandidos que queriam os projetos do supermotor. No fim, o Vigilante Rodoviário salvou o dia. Duas vezes. Afinal, a Simca era só alegria: a série alavancou as vendas. A Simca teve que aumentar a produção para dar conta da demanda, as vendas cresceram e atingiram o ápice em 1964, o mesmo ano em que o seriado acabou. Com o fim do seriado as vendas diminuíram, mas deixaram a Simca numa boa posição para ser vendida.


Fontes: http://antigoshortolandia.jimdo.com/hist%C3%B3rias-antigomobilismo/
http://almanaque.folha.uol.com.br/quizes/vigilante.shtml

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