REALIDADE, STORYTELLING E FICĂĂO
A cada
edição do curso de inovação em Storytelling, na ESPM, chega uma altura em que o
tema realidade versus ficção vem Ă
tona. Hå ediçÔes em que os alunos se exaltam mais, outras menos. Mas o que é
indelĂ©vel a todas elas Ă© a total inconclusĂŁo com que o tema se encerra. “What’s
real?”, como diria o personagem Morpheus a Neo, em Matrix.
Procurando
responder a essa pergunta – ainda que a cada dia que passe eu encontre novas informaçÔes
e menos respostas – Ă© que venho pesquisando como se resolve a relação entre o
real e o ficcional quando o assunto Ă© storytelling
para marcas e empresas. Em suma, qual é o limite em que a ficção passa a
parecer mentira aos olhos do consumidor?
A princĂpio, a questĂŁo passa
por duas grandes Ăłticas, a da narrativa e a do consumo. Quando o assunto Ă©
narrativa, parece haver algum consenso de que no papel, as fronteiras de
realidade e ficção se extinguem. Mais que isso, “espera-se que os autores nĂŁo
sĂł tomem o mundo real por pano de fundo de sua histĂłria, como ainda intervenham
constantemente para informar aos leitores os vĂĄrios aspectos do mundo real que
eles talvez desconheçam”, diria Umberto Eco.
Entretanto, quando a ficção
toca o consumo, parece nĂŁo querer ter um final feliz. Com a alegoria da formiga
e da cigarra, Everardo Rocha alerta para a carga negativa que permeia o consumo
durante a sua existĂȘncia. “A cigarra canta, gasta, consome, e a
formiga labora, poupa, produz.”. Na mesma toada, Jean Baudrillard em seu
livro “Sociedade de Consumo”, afirma que a realidade nĂŁo mais existe, mas tĂŁo
só um imenso esforço em imitar minuciosamente a realidade, no que ele convém
chamar “hiper-realidade”.
Por fim, e
retomando o conceito do “P de Plot” do curso, a hipĂłtese que levantei no inĂcio
da minha ainda inacabada pesquisa é a de que a ficção no storytelling deve, de alguma maneira, estar em consonùncia com a
realidade, com a “trama” da empresa, marca, produto ou serviço oferecido. Seja
a comunicação (o “hiper”) lĂșdica, como a “MĂĄquina da Felicidade” da Coca-Cola,
ou verossĂmil, como a histĂłria da Diletto, ela deve respeita a “realidade” do
que a marca oferece e de como ela Ă© percebida pelos seus consumidores.
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