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Vou começar dizendo que esse post Ă© resultado do meu Ășltimo post. Na verdade ele surgiu para corrigir um erro do Ășltimo post, onde eu afirmo que o Tolkien era um "plotter". Pois Ă©, o homem criou um mundo inteiro, diversos idiomas, vĂĄrios povos e pensou atĂ© na cartografia do universo ficcional sem, na verdade, parar e planejar o que estava fazendo. 
Ao ler algumas de suas cartas para o seu editor Milton Waldman Ă© possĂ­vel perceber que a maior parte do trabalho criativo de Tolkien tem inspiração em seus estudos linguĂ­sticos. Inclusive o prĂłprio Tolkien diz, em alguns momentos, que na verdade nĂŁo escreveu nada, apenas traduziu o livro vermelho de Westmarch, que na verdade foi inspirado em um livro GalĂȘs do sĂ©culo 15 onde encontram-se uma sĂ©rie de histĂłrias e poemas traduzidos por Tolkien posteriormente. 

Em uma de suas cartas para o editor, Tolkien diz ter começado a criar seu universo ficcional quando ainda era criança, como uma brincadeira de criar povos e idiomas em sua cabeça. Ele diz que nunca mais parou de fazĂȘ-lo, atĂ© que finalmente decidiu colocar tudo isso no papel. Talvez sejam todos esses anos de planejamento mental que tenham deixado a histĂłria organizada e com tamanha magnitude. Mas, na biografia de Tolkien podemos encontrar um truque do autor para que sua escrita se tornasse mais prĂłxima de um "plotter". Transformar erros em parte de sua histĂłria parecia se tornar cada vez mais um hĂĄbito conforme ele avançava sua narrativa. 

Como exemplo dessa tĂ©cnica podemos citar a passagem em que Gollum, no primeiro livro, aposta o seu precioso anel no resultado de um jogo de charadas, porĂ©m ao reler tal passagem que era importante enfatizar a relação de Gollum com o anel e que, na verdade, o personagem jamais apostaria seu bem mais precioso. Por isso Tolkien introduziu no segundo livro uma passagem que explicando que a tal da aposta de Gollum era uma mentira contada por Frodo por causa da influĂȘncia do anel no Hobbit. 

Para terminar, devo admitir que o Tolkien e toda sua obra ficaram muito mais interessantes quando descobri que tudo foi feito ao modo "pantser" de ser, sem grandes planejamentos, nem arquiteturas. Mas a maior lição que eu aprendi Ă© que mesmo que nĂŁo exista um plano, com muita tĂ©cnica e muita reescrita qualquer coisa Ă© possĂ­vel. 

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