DE PUBLICITĂRIO E ESCRITOR, TODO STORYTELLER TEM UM POUCO
HĂĄ pouco tempo um amigo enviou um e-mail para mim e para mais algumas pessoas, pedindo ajuda na divulgação de uma vaga para redator publicitĂĄrio em sua agĂȘncia. Na descrição da vaga lia-se: "Precisamos de alguĂ©m que nĂŁo se atenha a tĂtulos e chamadas, alguĂ©m que goste mesmo de escrever". Dentre tantas outras coisas foi essa frase que me chamou mais a atenção por um motivo simples.
Quando uma agĂȘncia começa a salientar a importĂąncia do desenvolvimento de textos e nĂŁo apenas de tĂtulos e chamadas para uma vaga de redator, podemos ver, a partir desse pedido um sintoma de algo que estĂĄ acontecendo na publicidade. NĂŁo cabe a mim, com a minha pouca experiĂȘncia avaliar os motivos pelos quais isso ocorre, mas o fato Ă© que, os redatores, ao que me parece, sofrem de um vĂcio, ou mania, de contenção de palavras. VĂĄrios foram os livros que eu li sobre o assunto em que o autor enfatiza a importĂąncia do talento de dizer muito com poucas palavras no mundo publicitĂĄrio. Acho atĂ© que Ă© ai que entra o talento do redator, o poder de economizar o tempo do consumidor sem deixar de dizer o que deve ser dito.
JĂĄ o escritor literĂĄrio, aquele que investe seu tempo e trabalho sob o olhar e os cuidado da imaginação, sofre da sĂndrome oposta. A arte Ă© difĂcil de ser controlada e muitas vezes a economia de texto nĂŁo Ă© o forte de um romancista. Apesar de ser uma habilidade bastante salientada pelos maiores mestres da literatura. Como jĂĄ devo ter mencionado nesse mesmo blog em algum outro post, Hemingway dizia que o bom escritor publica apenas 10% daquilo que escreveu sem deixar nada importante de fora, Ă© claro.
Quando falamos do storyteller, tratamos de uma criatura curiosa, que vive entre os desafios mercadolĂłgicos enfrentados pelo redator publicitĂĄrio e as nuances imprevisĂveis da imaginação. Um romancista, acostumado a liberdade da arte teria dificuldades em se manter dentro das linhas bem definidas de um briefing, assim como, um desses publicitĂĄrios de tĂtulos apenas, talvez se demorasse para encontrar seu caminho por entre tantos parĂĄgrafos e capĂtulos que se fazem necessĂĄrios para um conto ou romance.
Devo dizer, que é corajoso esse tal storyteller que escolhe se aventurar em uma jornada em um lugar de riscos mil, divididos entre a imaginação do romancista e a criatividade econÎmica do redator. O escritor que se aventura a dar vida aos cinquenta anos de uma empresa, sem perder de vista a complexidade de um herói romùntico capaz de tirar das pessoas, ao unir ambas as habilidades, não apenas suas emoçÔes mais profundas como também o desejo ao consumo.
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