SequĂȘncias: como continuar sua histĂłria
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Book Fairy by CandyFlavoredTears |
Escrevi recentemente, aqui no blog, sobre como uma história nasce. Independente do meio ela acaba respondendo umas perguntas båsicas que vão dar sentido para tudo e muitas vezes esse sentido se encerra em uma só história - ou, pelo menos temos a sensação de que sim.
EntĂŁo, como continuar a histĂłria?
Acredito que a pergunta que vocĂȘ deve responder antes seja "vocĂȘ deve continuar a sua histĂłria?". Por vezes os personagens encontraram um sentido e a narrativa alcançou tĂŁo bem a missĂŁo de transmitir uma sensação ao leitor que ela deveria ficar intacta. VocĂȘ sabe o que pode acontecer, muitos filmes tiveram um bom começo, mas quando assistimos a sequĂȘncia percebemos que a histĂłria se esvaziou, se arrastando indevidamente.
Existe algo de mais relevante ou algum outro ponto que eu gostaria de tocar em uma conversa com meus leitores? Se sim... bola para frente!
NĂŁo se preocupe se a sequĂȘncia nĂŁo nascer junto com o primeiro texto. Na verdade atĂ© acho isso mais digno. Sua histĂłria deve dizer se ela precisarĂĄ de uma cronologia ou nĂŁo. Existe uma discussĂŁo muito grande em torno de autores (novos e antigos) e suas trilogias - no meu ponto de vista, se vocĂȘ planeja uma sequĂȘncia sem nem saber do enredo da primeira histĂłria, vocĂȘ estĂĄ fazendo isso errado.
Aquele meu conto de Scifi virou uma quadrilogia, foi quando terminei que percebi que ainda haviam assuntos a serem discutidos. Eu quero mostrar como o mundo se transformou apĂłs a invasĂŁo alien e tambĂ©m quero mostrar mais sobre como os humanos poderiam lidar com uma tentativa de dominação total da espĂ©cie. Primeiramente eu divaguei sobre o momento em que percebemos que a humanidade estĂĄ vendendo a prĂłpria alma, abrindo suas portas para uma promessa de cura total. EntĂŁo percebi que existe uma centelha, que pode despertar estes homens, algo que Descartes trouxe no seu discurso "cogito ergo sum"... dessa nova visĂŁo para a mesma histĂłria surgiu a continuação que chamei de RefĂșgio da Alma.
Sem dĂșvida esse Ă© um processo muito Ăntimo e longe de mim ditar uma regra, por isso mesmo a dica que posso compartilhar Ă© que vocĂȘ deve levar essa histĂłria para dentro de vocĂȘ, exatamente por essa natureza do processo. Mastigue um pouco e pense, repense... levarĂĄ um tempo para vocĂȘ descobrir o que ela quer dizer.
Tecnicamente vocĂȘ precisarĂĄ de ganchos para esticar a narrativa e os melhores ganchos surgem da profundidade dos personagens que vocĂȘ criou. Se quer surpreender o leitor dĂȘ profundidade a um personagem secundĂĄrio, mas recorte de um modo a nĂŁo deixar tĂŁo claro de cara. Quando estiver escrevendo sua sequĂȘncia serĂĄ como jogar cartas na mesa e pensar "esse personagem teve um conflito intenso que pode vir a tona durante esta nova histĂłria"
O personagem principal da minha saga Ă© um psiquiatra, nĂŁo atoa. Eu queria alguĂ©m que conectasse com outros personagens em um nĂvel de profundidade muito grande, entĂŁo ele poderia ajudar na narrativa de forma a explicar os processos inconscientes que estavam acontecendo. Na segunda histĂłria ele encontra uma ex-paciente da qual manteve uma relação quase de paternidade. EntĂŁo o leitor pode perceber que mesmo sendo Able Waltz o psiquiatra, no final era ele quem estava no divĂŁ do texto, exatamente porque ele tem um passado que levei um tempo planejando.
Lembro-me de uma crĂtica do Mckee Ă s novelas brasileiras e ele diz que a narrativa se esvazia pois os personagens tinham poucas dimensĂ”es. Mas como eu escrevi no começo desse post, nem sempre sua histĂłria nasce como cronologia. SerĂĄ que vale a pena desenvolver todos personagens dessa forma? Vale. Isso tambĂ©m confere veracidade ao seu texto, independente do tamanho dele.
Bem, espero ter ajudado um pouco nessa questĂŁo. AliĂĄs, como vocĂȘs escrevem suas sequĂȘncias? (deixem aqui nos comentĂĄrios). ;)
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