Storytelling nos Recursos Humanos



Na história da humanidade, nunca houve uma época com tanta opção de informação e entretenimento. São centenas de canais de televisão, milhões de blogs na internet, bilhões de horas de conteúdo no YouTube. Tudo isso atrelado ao consumo simultâneo das mídias. Estamos na era da riqueza de informação e pobreza de atenção.

Se esta disputa já é difícil no entretenimento, ela fica ainda mais acirrada no mundo corporativo. Como chamar a atenção dos meus colaboradores se os modelos estão tão saturados? Para piorar, o nível de concentração caiu de 12 para 8 segundos, segundo o Statistic Brain. A verdade é que as pessoas estão demandando cada vez melhores histórias em qualquer ambiente, e isso não é diferente dentro das empresas, muito pelo contrário, é necessário ousar na forma de se comunicar. O storytelling surge como alternativa para captar a atenção da audiência. A seguir, confira cinco dicas infalíveis de storytelling para RH.

A ESCOLHA DO CANDIDATO POR MEIO DO STORYTELLING

Sabemos que todo profissional tem momentos bons e ruins, mas, na hora da entrevista, a maioria não quer contar seus fracassos e elementos negativos de sua história por medo de se expor. No entanto, ao estudar os processos de Storytolelling, fica fácil perceber que não existe história interessante sem conflito evidente. Portanto, é papel do entrevistador entender o enfrentamento das dificuldades, a capacidade de superar o problema e quais foram as lições aprendidas. Entender a narrativa de um candidato pode facilitar a decisão da contratação.

O candidato que traz suas dificuldades à tona no momento da entrevista revela aquilo que é verdadeiro a todo ser humano: a vida real como ela é. Essa sinceridade emocional gera empatia e conexão, favorecendo a atenção dedicada por parte do profissional de RH. É importante estar atento no que ele conta depois, em como solucionou o problema. Apresenta uma solução criativa e consistente? Por fim, a dica é analisar se o candidato traz o aprendizado e o resultado da sua decisão. É o famoso “moral da história”: precisa ter para a história ser boa. A maneira como o candidato conta sua história revela muito sobre seu perfil. Estar atento a essa narrativa é mais confiável do que simplesmente escutar: “sou ótimo em trabalhar com time e em tenho foco no resultado”. Isso anda em linha com a máxima “show, don’t tell”, em que, em vez de discursar sobre algo, uma narrativa acompanha o seu desenrolar.

COMO UTILIZAR O STORYTELLING PARA TREINAR SUA EQUIPE

Recentemente, fomos procurados por uma empresa B2B que está enfrentando dificuldade em capacitar seus representantes comerciais para vender seus produtos. Por serem muito específicos e extremamente técnicos, os representantes se mostram desinteressados durante as apresentações da convenção de vendas e têm dificuldade em fixar as informações. O diretor nos procurou com a seguinte demanda: “Investimos muitos recursos nas convenções de vendas, mas não conseguimos o principal, treinar nossos representantes comerciais. Eles saem da sala, ficam no celular, computador… Como consigo capacitá-los para vender nossos produtos?”. A resposta é simples: por meio de uma boa história. As pessoas não se apaixonam por tabelas, dados, números e slides de Power Point. Elas são movidas pelas emoções e o storytelling sabe disso há muito tempo. Há milênios que nossa espécie vem transmitindo conhecimentos dessa forma. Se antes ensinávamos técnicas de caça ao redor da fogueira, hoje ensinamos técnicas de vendas ao redor do projetor.

Foi assim que transformamos o treinamento técnico em uma história fabulosa, com conteúdo especial e marcante para as pessoas. Personificamos a marca e criamos personagens capazes de pegar quem estivesse atento pelas mãos e conduzir pela narrativa até mergulhar completamente naquele universo. Isso gerou curiosidade no time. A narrativa foi conduzida para o momento em que o personagem aprende algo e divide com sua audiência. Este foi o momento do ensinamento, o momento em que toda a parte técnica foi compartilhada, mas de maneira diferente. Esta é a grande função das histórias: entender como e por que as coisas funcionam.

A dica aqui é: transforme seu treinamento, independentemente do tema, em uma história fabulosa, com personagens marcantes, conflitos inescapáveis e acontecimentos emocionantes. A narrativa tem a capacidade de prender a atenção das pessoas e compartilhar informações estratégicas que serão absorvidas mais facilmente. Sem dúvida, sua equipe estará mais preparada.

COMO UTILIZAR O STORYTELLING PARA LIDERAR

Um recente artigo da Harvard Business Review mostrou que muitas empresas já descobriram a importância de uma boa história e que elas podem alterar nossas mentes. Estruturar narrativas bem construídas pode alterar decisões e persuadir pessoas a adotar diferentes comportamentos.

Agora pare e pense: dentro da sua empresa, qual foi a última vez que você parou para ouvir uma boa história? A maioria das pessoas irá relatar aquele momento no café, em que as pessoas estão mais relaxadas e onde a conversa flui com mais facilidade.

Os bons líderes entendem a importância de uma boa história para motivar seu time. Com isso, grandes líderes recorrem a narrativas para lidar com temas diversos que vão desde o alinhamento durante a implementação de um novo sistema até a mudança da cultura com foco na resolução de conflitos. As histórias sempre permearam a sociedade, comunidade e família como parte da construção da identidade de um grupo. Dentro do mundo corporativo, essa dinâmica se repete: é preciso boas histórias para construir a identidade do time.

Todos nós precisamos de lucro e dinheiro, mas gostamos de histórias e compramos narrativas que fazem parte da nossa vida para nos identificarmos enquanto grupo. Essa é a hora em que o propósito da empresa brilha. A dica aqui é: é preciso contar boas histórias, com enredos estrategicamente estruturados, para liderar com eficiência.



COMO UTILIZAR O STORYTELLING NA PESQUISA DE CLIMA

Quem é de RH sabe que todo ano é a mesma história: como cascatear as informações da pesquisa de clima para toda a organização e garantir que tenhamos melhora no ano seguinte? Aqui há dois desafios. O primeiro é como estruturar a informação para que todos os níveis da organização entendam os resultados. O segundo é como manter aceso o plano de ação elaborado durante o ano com tantas outras prioridades.

Vamos contar uma história para ajudar a ilustrar esse ponto. No ano passado, trabalhamos com uma empresa que tinha bem claros esses dois desafios. Para o primeiro, personificamos um dos personagens de seus produtos, e para isso usamos o gênio da lâmpada. Levamos os resultados da pesquisa de clima por meio dessa narrativa. “Se encontrasse o gênio da lâmpada e pudesse pedir três desejos relacionados a esta organização, quais seriam?” A devolutiva da pesquisa foi por essa narrativa. Além de excelentes resultados, a forma como foi conduzida foi também uma ação de engajamento, favorecendo a motivação e o sentimento de pertencer de toda a organização.

Seria possível continuar essa narrativa ao longo do ano para trabalhar e comunicar os planos de ação para toda a empresa. As pessoas já estariam conectadas à história e seria fácil ter a atenção e a memória dos colaboradores sobre as ações feitas pelo RH. No ano seguinte, para a resposta da próxima pesquisa de clima, com certeza as ações estariam mais frescas na memória dos colaboradores.

COMO UTILIZAR O STORYTELLING PARA TRABALHAR CULTURA

Todo conhecimento humano é envolvido por narrativas que compõem grandes histórias. Para incorporar a cultura de uma organização, esse processo é o mesmo.

As corporações precisam contar histórias sobre os valores e comportamentos desejáveis nela. Por meio dessas narrativas, os colaboradores podem se espelhar em personagens e incorporar os comportamentos desejados na rotina de seu trabalho.

Dica importante: para aplicar o Storytelling, é necessário ser autêntico e verdadeiro. Se os colaboradores perceberem que a história não está conexa com o ambiente e comportamentos daquela organização, irão se desinteressar rapidamente, além de colocar em xeque a credibilidade do interlocutor. É importante que a história tenha conexão com o que é praticado e desejado na instituição.

Esse texto foi escrito por Fernando Palacios e Milena de Stefani e foi publicado originalmente pela Revista Melhor.


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