Discussões Aplicadas parte 1

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Toda viagem implica em uma questão que nem sempre é prazerosa: encomendas e presentes em geral. Algumas pessoas são realmente inconvenientes, sempre pedindo isso e aquilo, mas na maioria das vezes a tarefa está associada aos membros dos círculos mais íntimos.

Para nossos amigos e afins trouxemos de Paraty pingas, geléias e toda a sorte de coisas artesanais. Para os leitores do Stories We Like vamos compartilhar algumas discussões derivadas das mesas que assistimos lá na FLIP. Como pegamos o que foi conversado sobre literatura e tentamos transpor para o campo da publicidade, também não deixa de ser um presente artesanal...

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Na mesa Conversa de Botequim, Humberto Werneck e Xico Sá passaram praticamente todo o tempo conversando sobre a exótica figura de Jayme Ovalle, companheiro de boteco de gente da pesada como Manuel Bandeira e Vinicus de Moraes. O interessante é que, mesmo sem uma obra relevante, ele é considerado por vários dessa turma um grande gênio inspirador.

No campo da comunicação de marcas, isso faz pensar sobre a importância, muitas vezes desprezada, das conversas de bar. O bar é um ambiente, por definição, sujo, ou seja, não adianta querer fazer uma campanha asséptica e esperar que as pessoas comentem (a não ser sobre o quão babaca e irrelevante é aquilo).

Outro insight interessante foi a criação de um arquétipo a partir desse personagem. Marcas e produtos que conseguem ser grandes inspiradoras de conversas de bar são, por definição, "ovalleanas". E, veja bem, isso é um elogio. :) Mas o ponto aqui é que arquétipos podem ser uma forma interessante de posicionar marcas e mirar os consumidores certos.

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Já em Sexo, mentiras e videotape, com três escritoras, de repente surgiu a pergunta "existe literatura feminina?", ou seja, de e para mulheres. Responderam que não. Existe literatura boa e ruim. Os nichos, como "literatura gay" ou "literatura negra" seriam um recurso para as obras ruins, alegaram.

Nesse caso concordamos, mas aí vem a questão: seria possível transpor esse paradigma para campanhas de marketing? Nesse momento onde tudo é storytelling, pode uma campanha de absorvetes contar uma história tão boa que também agrade público masculino? E supondo que seja possível, mas isso não é dispersão? Complicado mexer com tabus. Para pensar...

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Houve uma mesa chamada Formas Breves cujo objetivo era reunir contistas e discutir formas literárias mais curtas. Segundo o próprio moderador, contos e afins despontam como uma forma mais contemporânea de literatura, o lado snack culture das letras.

Para falar a verdade a mesa foi bem chata, mas o assunto era potencialmente interessantíssimo. Não é só na literatura que as formas breves prometem ampliar seu domínio. Corto meu braço se, por exemplo, no campo do cinema, curtas metragens não forem cada vez mais populares.

As próprias caixas de DVDs com seriados são uma prova viva disso. Cada episódio tem, em média, 40 minutos. É um tempo que se "encaixa" melhor do que os filmes de 2 horas no dia a dia das pessoas. Mas o importante é que ninguém está deixando de se envolver com histórias, só estão procurando as que caibam em um tempo cada vez mais fragmentado.

foto do Blog da Flip

CONTINUA...

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