DiscussÔes Aplicadas parte 2

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Continuação do post DiscussÔes Aplicadas parte 1.

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Na mesa Veludo cotelĂȘ o escritor/comediante David Sedaris deu um show de bom humor. Talvez seja possĂ­vel dizer que ele faz um tipo de stand-up comedy escrita. Eis duas coisas capazes de estabelecer conexĂŁo com praticamente qualquer ser humano: bom humor e miudezas do cotidiano. Somos todos muito parecidos nas pequenas dĂșvidas e angĂșstias, naquelas que, de tĂŁo pequenas, raramente sĂŁo comentadas. Quando alguĂ©m resolve quebrar o gelo, Ă© o nirvana.

David Sedaris pode dar outro bom arquétipo...mas aí podia ser Jerry Sienfeld também. :)

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A mĂŁo e a luva, a mesa que tinha Neil Gaiman e Richard Price, certamente foi uma das mais esperadas pelo pĂșblico. A mesa transmĂ­dia por excelĂȘncia, contando com um quadrinhista/escritor e um escritor/roteirista.

Marcelo Tas falou muito sobre o blog do Neil Gaiman, mas o momento mais rico, na minha opiniĂŁo, foi uma conversa sobre a natureza dos diĂĄlogos nas histĂłrias. Usando palavras diferentes, ambos comentaram que os diĂĄlogos reais sĂŁo muito chatos, ou seja, quando dois personagens conversam em uma obra, a fluĂȘncia precisa ser lapidada de acordo com o meio. Nos quadrinhos, por exemplo, tudo que Ă© importante precisa estar no pequeno espaço do balĂŁo, ou seja, sobra pouco para as "gordurinhas" das falas reais.

Concordo totalmente, mas, por outro lado, como fica a onda de reality shows e outras realidades capturadas para o entretenimento?

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O ponto alto da festa foi Shakespeare, utopia e rock’n’rol, com o dramaturgo Tom Stoppard. Conhecido por criar suas peças a partir de personagens secundĂĄrios de outras obras, ele me faz pensar nos spin offs, recurso muito utilizado para continuar e, ao mesmo tempo, dar vida nova Ă  seriados. Pega-se um personagem e mostra-se outro aspecto e momento da vida dele.

Outra pergunta provocativa: seria possĂ­vel que uma mesma marca veiculasse durante muito tempo uma sĂ©rie de campanhas onde uma, de certa forma, Ă© um spin off da anterior? É uma forma de se renovar, ter mĂłdulos independentes que permitam o entendimento da audiĂȘncia rotativa, mas, ao mesmo tempo, permitir um engajamento e uma linha de histĂłria bastante duradoura.

ComentĂĄrio off-topic: hoje mesmo alguĂ©m apontava que, apesar das quase 20 temporadas, o pĂșblico de antes nĂŁo vĂȘ mais Simpsons, sĂł casualmente. Verdade. NĂŁo estĂĄ na hora de fazer um spin off para esse fim?

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Por fim, Folha Seca, uma mesa sobre futebol, cultura e sociologia (mas não era uma mesa redonda). Fora anålises muito interessantes de José Miguel Wisnik e Roberto Damatta, o que ficou para a Storytellers foi o fato do futebol ser um dos poucos esportes que possibilita uma narrativa não-contabilizada.

Explico. Uma partida de futebol pode proporcionar narrativas Ă©picas para os dois times de forma que isso nĂŁo reflita necessariamente no placar. Um time joga muito melhor, mas perde por um detalhe bobo. Provavelmente injusto, mas isso que dĂĄ a graça. Futebol Ă© o esporte storytelling por excelĂȘncia, e nĂŁo por acaso Ă© a maior modalidade esportiva do mundo.

Na foto, duas pessoas lendo entre uma palestra e outra ;)

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