ERRAR É HUMANO



Era uma vez um jovem que tinha medo. Um tipo de medo diferente que não era do escuro, nem de nenhum inseto. O jovem tinha medo de errar. Pois é meus amigos, vejam vocês, com tantas coisas no mundo para se ter medo, entre os desconhecidos segredos do escuro, animais famintos de presas enormes e seres humanos que mais parecem ter saído de histórias de terror, aquele jovem e inocente rapaz escolheu o erro como seu maior fantasma.

"Errar é humano" - dizia sua avó para acalmar o coração aflito do jovem - "Todos erramos e devemos aprender com os nossos erros" - continuava a senhora com um sorriso calmo no rosto tentando amenizar os efeitos do pânico que se estampavam na face do pobre neto. E assim o tempo passou, entre muitas crises de pânico e discursos tranquilizantes. 

O fato é que o mundo é um amontoado de erros, uma sucessão de desentendimentos e, hora ou outra, um pequeno acerto, aqui ou ali e por causa de tudo isso não demorou para que o mundo se tornasse por inteiro um lugar apavorante para o pequeno Luis. Com o risco de um erro a cada palavra, decisão e pensamento o jovem vivia assustado, com medo de que um daqueles pequenos erros do dia a dia fosse o definitivo, o erro que acabaria com a sua vida, com a sua carreira. Mas, em uma noite qualquer de janeiro o garoto conheceu o storytelling, uma maluquice bem do tipo que ele gostava e no meio de seus estudos e aprendizados ele percebeu que uma narrativa só faz sentido quando o personagem é imperfeito. 

Olha o que a vida faz, deixou como se fosse de propósito um recado para o garoto nas entrelinhas de sua própria função profissional, ensinou-lhe com a sua história que errar não só é humano como dizia a sua avó, mas que é o de erro que nascem as melhores e mais interessantes mudanças, lições, aprendizados e história. O erro definitivo do jovem Luis  era, na verdade, ter errado pouco por ter tanto medo de errar. 

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