ENCARAR A ESCRITA COMO UM PROJETO


Escrevo contos e alguns poemas há um tempo, com a intenção de expressar o que estou sentido e, às vezes, tentar responder algumas perguntas que estão me rondando. Porém, fazia isso naturalmente, por “instinto”, sem me atentar necessariamente para técnicas. Então, em determinado momento descobri que era possível, de certa forma, “racionalizar” essa escrita - e sendo o meu primeiro texto aqui, escrevo sobre isso que foi o que me despertou interesse em Storytelling.
Apesar de a escrita autoral ser uma descarga do que se está sentindo, de experiências vividas, referências pessoais, ou seja, em essência particular e criada naturalmente, é possível encarar a criação como um projeto, com etapas definidas e com elementos narrativos que, se não necessários, são aconselháveis que sejam incluídos no texto. Assim, fazer uso de um “plano de escrita”.
Um plano de escrita, fazendo uso das técnicas de storytelling, deve considerar alguns aspectos como, por exemplo, a existência de “brain rules”, que nos dão um caminho de como capturar a atenção das pessoas, nos mostrando que estamos mais propensos a nos atentar a questões de ameaça (instinto de sobrevivência), sexo (instinto de reprodução) e emoções (que é aquilo que nos faz humano).
Com esses elementos chamando atenção das pessoas, alguma coisa tem que acontecer na história. Algo tem que ser transformado: o personagem, o universo onde ele está inserido, um modelo pelo qual ele lutou contra etc. Se uma história merece ser contada, é porque algo aconteceu, é porque alguma coisa mudou do início para o seu fim.
Essa mudança pode ser a superação de uma rivalidade que o personagem enfrenta no decorrer da história, podendo ser com outro personagem, com um objeto, com o status quo, entre outros.
Outro elemento auxiliador é o cronograma. Podemos tirar dos projetos empresarias esse ensinamento, que conta com um cronograma em todo projeto bem estruturado. Encarar a escrita como algo planejado, então, faz necessário uma pequena organização das datas: o que pretendo ter em determinado dia, quais avanços devo fazer hoje, quando pretendo ter o projeto finalizado etc.
Vale lembrar que na criação de uma história não existe fórmula e nada está totalmente certo nem errado, e que as técnicas não se esgotam nessa breve pincelada apresentada. Até as brain rules podem ser desconsideradas. Também, mesmo que com um projeto estruturado, o “instinto” pode tomar conta e se entregar a ele seja o melhor caminho para a sua história. Contudo, pensar a escrita como um projeto pode ajudar na medida em que torna o processo, de certa maneira, mais estruturado.

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  1. Estruturar o projeto é começar a falar a linguagem do cliente empresarial. Creio que quando houver uma percepção maior de que o projeto de escrita também pode ser estruturado, mais gente entenderá a produção de histórias como uma atividade de especialistas. Ou seja, diferente daquele cenário mitológico em que o autor fica aguardando a sua inspiração cair do céu para escrever o texto. A história, afinal, pode ser parte de uma estratégia corporativa.

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