STORYTELLING: REALIDADE E FICÇÃO

Esse post faz parte de uma série de posts que irão ser publicados por mim aqui no storieswelike durante a semana, o tema da semana é "realidade e ficção".




Essa é a história do filho de um famoso mágico, que aprendeu tudo com o pai antes de sua morte. Porém, ninguém levava a sério uma criança ilusionista e por isso o garoto começou a fazer seus truques dizendo que era mágica. Sem saber onde estava sua mãe ele partiu, ainda criança, em uma longa viagem pelo país em busca da única família que lhe restava e deixou no caminho uma longa lista de amigos e inimigos, pessoas que o amavam e o odiavam por sua mágica.

Certa manhã ele chegou em uma cidade e só sairia de lá ao entardecer, então pegou sua mochila, suas cartas e foi para a praça central. Era assim que ele ganhava dinheiro para comprar comida. Fazendo mágica em praça pública. No início ninguém parou pra assistir, até uma criança, um garoto mais jovem do que ele, sentou no chão, do outro lado da rua e ficou admirado pelos truques de um ilusionista tão novo.

O dia passou e o jovem já estava cansado de suas próprias brincadeiras, o chapéu no chão já devia ter dinheiro o suficiente para uma refeição e se não partisse logo, ele perderia sua carona. Então deu o show por encerrado e agradeceu a bondade de todos. Esperou que estivesse sozinho e começou a arrumar suas coisas, ao abaixar  para pegar sua mochila deixou cair uma carta da manga de sua jaqueta. Assustado recolheu a carta do chão e percebeu que do outro lado da rua, estava o menino que havia passado a tarde inteira sentado, assistindo sua apresentação. O olhar triste do garoto o emocionou, ele foi até lá e perguntou o que estava o deixando triste, qual era o problema.

- O problema é que você não faz mágica, apenas truques... - disse a criança muito triste.

- Claro! Ninguém faz mágica amiguinho, mágica não existe... - disse ele ao perceber que o menino vira a carta cair de sua manga.

- Eu sei que não... mas, enquanto você se apresentava parecia mágica, era bonito, agora que eu sei como você faz, me sinto enganado.

Confuso pelo que estava acontecendo o garoto foi embora, não entendia como alguém podia gostar de ser enganado, nem como a verdade podia deixar alguém tão triste. Aquilo não fazia sentido para ele. Já na estrada novamente ele contou ao seu companheiro de viagens o que tinha acontecido e o senhor, de voz calma e com a face sorridente lhe respondeu. "Meu jovem, ninguém gosta de ser enganado, mas todos gostam de acreditar em mágica."

Foi ai que ele percebeu que o seu desafio não era fazer truques e sim, fazê-los de maneira que não enganasse ninguém, sem dizer se era mágica ou não, sua função era apenas deixar que as pessoas sonhassem com o que preferissem sonhar. É como um escritor, ou um contador de histórias, que busca mais honestidade do que realidade.

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