O STORYTELLING E A ARQUEOLOGIA



Todo storyteller tem um quê de arqueólogo em algum momento de sua vida. Ele talvez não vá escavar as terras do crescente fértil em busca de tabuinhas cuneiformes da antiga Mesopotâmia. Mas vai revirar as gavetas do quarto procurando uns versos rabiscados em pequenos pedaços de papel. Ou aquele caderno desbotado onde anotou frases incríveis no mês passado, prontas para virar belos contos.

Porque o storyteller moderno, por mais moderno que seja, não costuma abandonar o papel assim. Escreve em garranchos, hieróglifos, símbolos decifrados somente por ele. Da forma que for, onde estiver. No ônibus, no banheiro, no elevador, atravessando a rua, com o cuidado necessário para a ideia que surgiu de repente não escapar.

Depois o storyteller se senta diante do computador e organiza as ideias, transforma tudo em um texto interessante. Lê o que foi escrito. Relê. Lê diante dos amigos. Manda um e-mail a si próprio para salvar o texto na caixa postal e relê no dia seguinte. Salva no pen-drive, na nuvem, no HD externo, relê. Muda um detalhe aqui, outro lá. Reescreve, reconta, recria, até que o trabalho fica pronto para ser publicado.

Eu me encontrei com o Storytelling nessas idas e vindas, em que a gente apanha uma ideia na rua e traz em casa para cuidar, ver florescer. Depois deixa voar no mundo, porque ideia não é para ficar presa.

Tanto que após esse encontro com a arte de contar histórias, sempre deixei as janelas abertas. De vez em quando, a chuva respinga no chão da sala, tudo fica molhado. Mas vocês precisam ver as ideias que o vento sopra. Na Mesopotâmia falariam em tempestade no deserto. Para o storyteller, é brainstorm.

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  1. Deixar as portas e as janelas abertas para as histórias entrarem é um sábio conselho. :)
    Quando as histórias chegam, não é de mansinho, não. Elas vêm com tudo! E a gente bem que gosta...rs

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