PI OU 3,1415926?

Se é que não houve um grande vencedor da premiação do Oscar deste ano, o que mais levou estatuetas para estampar as capas de DVD em breve na locadora mais próxima, foi “Aventuras de Pi”, do taiwanês Ang Lee.
Com o título original “Life of Pi”, o filme conta a história de um garoto indiano que teve seu barco naufragado em plena Fossa das Marianas – área das águas mais turbulentas dos sete mares – e viveu grandes emoções cruzando os oceanos à bordo de um bote e ao lado de um tigre. Digno de tirinhas de Calvin e Haroldo, o extraordinário impera e não poderia ser diferente nesse épico solitário pelos mares.


(ilustração de Victo Ngai para a revista "New Yorker")
Pra quem assistiu o filme e até agora só relembrou o que viu, deve lembrar também da grande questão que o espirituoso Pi (que é ao mesmo tempo cristão, muçulmano e hindu, isto é, as 3 maiores religiões do mundo) nos deixou na cabeça ao fim do filme: Qual história você preferiu, a do garoto, do tigre, do orangotango e da hiena ou a do garoto, da sua mãe, do budista e do cozinheiro?
A não ser que você preencha o clássico estereótipo do “crítico chato de cinema”, ou que seja um dos representantes da companhia do cargueiro japonês naufragado “Tsimtsum”, você deve ter preferido a primeira. Porque histórias são sobre fatos extraordinários, e contadas nas telonas resultam em prêmios como de melhor diretor para Ang Lee, ou de melhor fotografia para Claudio Miranda.
Ainda que uma história cheia de espiritualidade (com direito a primorosos capítulos sobre o assunto no livro de Yann Martel – que deu origem ao filme), nota-se que em nenhum momento discutiu-se sobre qual é a história verdadeira. Para tal, e para encerrar o texto, faço minhas as palavras do sábio Mario Vargas Llosa:
“A ‘irrealidade’ da literatura fantástica se transforma, para o leitor, em símbolo ou alegoria, quer dizer, na representação de realidades, de experiências que se pode identificar na vida.”

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