Por quê Assassin's Creed: Renascença falhou como experiência literária?



É difícil falar de um best seller.  Assassin`s Creed: Renascença é o primeiro livro da franquia transmídia Assassins Creed, que conta hoje com Assassin’s Creed: Renascença, Assassin’s Creed: A Irmandade, Assassin’s Creed: A Cruzada e Assassin’s Creed: Renegado.  Todos assinados pelo pseudônimo Oliver Bowden e frequentemente entram na lista dos mais vendidos.

Os jogos, sem duvida tem uma experiência narrativa fantástica, com muito drama e um gameplay que acerta na transferência dos conflitos para o jogadores.  Por isso é aclamado como um dos melhores storytelling games da atualidade.  


Essa atenção que recebeu e seu sucesso de vendas foram refletidos na venda dos livros também,  que infelizmente apresentaram uma história fraca, realmente sofrível pra quem procura um mergulhar em um bom romance.  Vamos nos focar no primeiro livro da saga, Renascença, para entender esse ponto de vista.  Ele está ligado a cronologia do game Assassin's Creed Brotherhood

Sinopse de Assassin's Creed: Renascença 


Traído pelas famílias que governam as cidades-estados italianas, um jovem embarca em uma jornada épica em busca de vingança. Para erradicar a corrupção e restaurar a honra de sua família, ele irá aprender a Arte dos Assassinos. Ao longo do caminho, Ezio terá de contar com a sabedoria de grandes mentores, como Leonardo da Vinci e Nicolau Maquiavel, sabendo que sua sobrevivência depende inteiramente de sua perícia e habilidade. Para os seus aliados, ele será uma força para trazer a mudança lutando pela liberdade e pela justiça. Para os seus inimigos, ele será uma ameaça que procura destruir os tiranos que oprimem o povo da Itália. Assim começa uma épica história de poder, vingança e conspiração.


O que sustenta o livro é o jogo, ponto.


Parece obviedade falar assim, mas é algo importante porquê significa várias coisas. Entre elas, o fato de que o livro não é uma obra que se sustenta sozinha, logo... não é um bom livro e, por sua vez, cria uma rachadura na experiência transmídia. 

Os autores apenas transcreveram a exata experiência do game. Em várias partes do livro é possível imaginar "é exatamente aqui, que eu aperto o X para completar a ação".  Para terem uma ideia, em uma cena inicial o personagem Ézio se encontrava em um beco, cercado de oponentes. Ele, simplesmente olha para cima, escala as paredes e o livro descreve "[...] e saiu correndo pelo telhado o mais rápido que pôde, caindo no chão com sua recém-descoberta agilidade..." . Percebam que é um livro, ele dispõe das palavras para construir a cena, ao contrário de um filme aonde poderíamos ver as expressões do personagem descobrindo essa nova agilidade.



Cena de Assassin's Creed: Brotherhood


Outro ponto que sem dúvida era desnecessário foi a utilização massante de expressões em italiano.  No game faz todo o sentido, ajuda o player a se situar naquele contexto - até porque são diálogos de NPC's pelas ruas falando "prego" e "maledetto" ou coisas assim. 

O livro não se preocupa em construir em dimensões dramáticas o personagem, na verdade, a preocupação principal reside na construção de personagem do game, justificando a evolução de suas perícias e equipamentos. 


Foco na ação e no gameplay


Tudo é ação e toda ação leva a evolução de skills e habilidades do personagem.  Os outros personagens que surgem como Maquiavel e Da Vinci tem uma representação quase que estereotipada de tão vaga que é.  É literatura comercial como fórmula de filme. Mas isso tem um lado bom: funciona com o público e vende bem. 

Se você é um fã da série vai encontrar na escrita muitas respostas e coisas que passam despercebidas durante o jogo.  Intensifica a experiência do gameplay, porém não cria uma nova - é aí que fica o calcanhar de Aquíles dessa transmídia. 

Me perguntaram pelo twitter se vale a pena comprar os romances de Assassin's Creed.  A resposta deixarei incorporada abaixo:




Veja a capa de Assassin's Creed: Renascença





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