Histórias no cinema


Pra ser um Storyteller é preciso conhecer todo o tipo de história. Obrigatoriamente o repertório muda, muitas vezes para além do gosto pessoal. Mas com o tempo o gosto pessoal também muda.

Outra coisa que se altera é a rotina. Atividades como ler um livro ou ir ao cinema passam a ser uma espécie de obrigação, ossos do ofício como diz o outro. Mas um osso gostoso de roer, vale dizer.

Esse comportamento incomum acaba confundindo os cinemas, ou pelo menos quem os representa. A tarefa aparentemente simples de comprar os ingressos, torna-se complexa quando três pessoas abordam o caixa pedindo ingressos para dois filmes seguidos, no caso Iron Man e Speed Racer.

Ambos vieram de quadrinhos - um era Comics e o outro, Manga - e por isso têm certas semelhanças de linguagem e releitura que justificaram o double-deal. Mas apesar disso, quando chegamos à portaria descobrimos que o caixa havia emitido errado um dos ingressos, trocando Speed Racer por Indiana Jones. É verdade que assim como os outros dois, Prof. Jones não deixa de ser um filme revival, mas não era o caso.



Perdida, a moça da portaria não sabia o que fazer. Disse que havia fiscalização e que não poderíamos entrar no cinema com o ingresso errado - mesmo considerando que estávamos em 3 com 6 ingressos e apenas estava errado - e que também não poderia sair de lá. Ou seja, de volta à estaca zero, conversar com o caixa.

Iron Man foi o primeiro filme produzido pela Marvel Entertainment, que até então apenas vendia a licença de uso da marca para grandes produtoras. Eles apostaram nessa idéia (literalmente, já que tinham riscos de falência caso fracaçasse) porque queriam um filme mais fiel à história original. A escolhera não foi por acaso: Iron Man é uma das histórias mais inteligentes sobre super heróis.

Assim que acabou o filme, ao sair da Sala 6, reparamos em nossos ingressos que ela nos acompanhou: o Speed Racer seria lá mesmo. Para manter a tradição, as meninas foram ao toalete. E eu, que ia voltar à sala, fui barrado, e nem adiantou mostrar que havia estado lá antes e que tinha o próximo ingresso. No deal. Fiquei no corredor e abriram a sala para quem estava na fila. As meninas voltaram e entramos como se nada houvesse. Ironicamente, se por um acaso não tivéssemos os ingressos, dessa vez não faria a menor diferença.

Speed Racer é um anime japonês, mas que ganhou o mundo na versão americana. Considerando que é um filme dos irmãos Wachowski, não faltam e talvez até sobrem algumas cenas de luta e de ação em uma direção de arte eletrizante e muito colorida. Provavelmente só vai gostar quem era fã ou que cresceu jogando muito video-game... ou então quem for para prestar atenção na história, que foi contada de uma forma bem inteligente e dá pra entrar no universo Speed Racer rapidamente, mesmo sem ter assistido a um episódio sequer.

Apreciar uma boa história muitas vezes exige um pouco de experiência e um certo sacrifício do expectador. Falhas de continuação, buracos na história e cenas sem lastro com a realidade interrompem o processo de projeção. Mas com algum esforço é possível vivenciar o mundo do personagem e passar pelas mesmas emoções dele. Deve ser difícil encontrar alguém que nunca se emocionou - com pelo menos um nó na garganta ou uma lágrima desprendida da ponta dos olhos - assistindo a um filme. Mas caso seja encontrada, só há uma recomendação possível: assista a mais filmes, porque uma hora um vai falar com você; a partir daí o processo de projeção se torna mais fácil e o que era bom fica ainda melhor.

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