World War Z e o TransmĂ­dia


Meses atrås falamos sobre algumas estratégias de storytelling que levaram livro World War Z a se tornar um sucesso de vendas nos EUA e a conquistar ninguém menos que Brad Pitt.

O Brad Pitt nĂŁo sĂł gosta de atuar, como tambĂ©m adora ler. World War Z foi uma dessas leituras arrebatadoras. O galĂŁ nĂŁo se aguentou, adquiriu os direitos do livro e iniciou uma produtora chamada Plan B. O leitor mais apressado deve estar se perguntando "Ora, mas isso Ă© relevante para esse post?" É sim, e eu jĂĄ vou chegar lĂĄ.

Via de regra, quando um roteirista consagrado se lança como diretor ou um ator estelar se lança como produtor, é porque eles querem maior domínio do processo. Tenho a sensação de que o Sr. Pitt teve uma visão sobre essa história e quis fazer do seu jeito e em duas coisas ele acertou.

A primeira foi na inserção comercial. O filme tem poucas marcas e de realmente relevante, apenas uma. Existe um product placement Ăłbvio da Pepsi, mas que nĂŁo Ă© tĂŁo Ăłbvio assim. Logo depois do clĂ­max do filme, no momento de recompensa dos justos, o herĂłi comemora com um refrigerante. Mas ele nĂŁo deixa o logo caprichosamente voltado para a tela. Pelo contrĂĄrio, ele esconde. Mas em seguida, como um Ășltimo ato do herĂłi, ele usa mais refrigerantes para atrair a atenção dos zumbis e de relance Ă© possĂ­vel ver muitos logotipos da Pepsi. Assim, nĂŁo ficou nem forçado e nem de graça. Ah, sĂł nisso jĂĄ valeu como faculdade para os novelistas brasileiros.

A grande sacada do astro de Hollywood foi a adaptação. Ele fez o que todo planejador de transmídia devia se forçar a entender. O filme não é uma adaptação do livro e nem teria como ser. O livro explora muito bem os recursos da literatura, tornando impossível o transporde para o cinema. Para que o filme pudesse ser um sucesso, seria preciso mostrar um outro aspecto ou recorte da história. Foi exatamente aí que Brad Pitt acertou com louvor. O livro e o filme não possuem quase nada em comum e isso acabou dando um ar transmidiåtico perfeito.

Claro que nem tudo sĂŁo flores. Se colocar livro e filme lado a lado, vĂŁo haver dezenas de furos. Ainda assim, o livro permite uma certa elasticidade na histĂłria, jĂĄ que Ă© contato por mĂșltiplos narradores, todos traumatizados. Muito possĂ­vel conceber que eles tenham se esquecido, equivocado e atĂ© mentido.

A Ășnica falha vital de Brad Pitt, foi no nome do filme. Certamente tinha que ser diferente do livro. Talvez algo como World War A to Z. Mas, enfim, para quem estuda storytelling e transmĂ­dia, vale a sessĂŁo e a leitura.

ComentĂĄrios

Postar um comentĂĄrio