O SEGREDO DA GUERRA DOS TRONOS

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Tyrion
Lennister é um anão que só teve sua vida poupada por pertencer à família mais
rica de todos os reinos. Por causa de sua situação física Tyrion voltou todos
os seus esforços para desenvolver habilidades intelectuais, se tornando um
mestre em estratégias de governo. Tyrion é a “mão do rei”, ou seja, o
segundo em comando no reinado de seu sobrinho Joffrey, um jovem despreparado
para o trono. Tyrion tem como único objetivo proteger a integridade de sua
família e defender o trono de seu sobrinho.
Para Robb
Stark o trono da capital é apenas um trono e não possui muita importância. Ele
luta para defender o povo do norte, assim como seu pai lutou antes de ser
assassinado. O reinado de Jofrey representa, para a família Stark, o reinado da
corrupção e da injustiça. Além de vingança, Robb marcha em busca de suas irmãs,
Aryia e Sansa, que supostamente permaneceram como prisioneiras do rei e sua
família. A luta de Robb Stark é pessoal e não carrega tanta carga política.
No último
post falamos um pouco sobre a importância de um bom personagem em uma narrativa
e como toda história precisa de um ponto de vista. Mas será que precisamos
mesmo, de apenas um ponto de vista?
George R. R.
Martin, o autor de “A Guerra dos Tronos” parece discordar que um ponto de vista
seja o suficiente para sua história e nos apresenta a narrativa em uma espécie
de “carrossel” de pontos de vista, sendo cada capítulo apresentado por um
personagem e seu ponto de vista único da situação.
Quando
pensamos em criar uma narrativa, pensamos automaticamente em um protagonista,
ou seja, o personagem responsável pelo ponto de vista que irá apresentar a história.
E em um antagonista, aquele que irá nos apresentar um contra ponto ao
protagonista. O antagonista não é necessariamente um vilão típico, que quer
dominar o mundo ou destruir o mocinho e isso fica claro na saga de “A Guerra
dos Tronos”.
Ao assistir a série, ou ler o livro, o atento
é levado a participar de uma experiência nova e curiosa. A sensação de não
saber para quem estamos torcendo é algo com o qual não estamos acostumados. Ainda
mais quando queremos torcer por todos, ou quando o personagem para quem
torcemos se demonstram inimigos de outro personagem com motivos e objetivos
justos, tornando-se de certa maneira um vilão.
Mas para que isso seja possível não adianta
apenas apresentar a história por vários pontos de vista. É preciso que o autor
tenha, assim como George R. R. Martin, a maravilhosa habilidade de criar bons
personagens. Fazendo com que cada personagem seja o “herói” de sua própria história
e dando para cada um deles uma verdade humana forte o bastante para que nós, os
atentos, possamos nos relacionar com seus motivos e entender seus objetivos.
Quando todos
os objetivos, independente de quem é o protagonista ou antagonista, são
verdadeiros, a história fica autêntica e crível. Somos naturalmente atraídos
por bons objetivos e boas histórias, e para que as histórias sejam boas, os
pontos de vista devem ser honestos e claros. É a honestidade do personagem que
nos faz acreditar em todo o universo da narrativa e prende a nossa a atenção,
cria expectativa e nos transforma em atentos, além de espectadores ou curiosos.