STORYTELLING, INSPIRAÇÃO E EDUCAÇÃO



Você tira o professor da sala de aula, mas não tira o ensino do professor e como a maior parte da minha vida foi escrita em sala de aula, apesar de hoje eu tentar escrever um novo capítulo dessa história é bem difícil ignorar a paixão que tenho por ensinar.

Há pouco tempo uma amiga da faculdade me convidou para conhecer a empresa em que trabalhava, falou de marketing multilevel e mais um monte de coisa cheia desses nomes que os publicitários adoram inventar para suas ideias. Aceitei o convite e nos encontramos no metrô de onde partiríamos para o que eu entenderia mais tarde como uma viagem no tempo.

O salão lotado pela classe média brasileira, um grupo enorme de jovens, que nasceram em um país de terceiro mundo filho de uma ditadura, e vive sua vida adulta em outro lugar, repleto de sonhos e crescimento, bem mais próximo do primeiro mundo com o qual costumamos sonhar. A música alta agitava os jovens e algumas pessoas ficavam em pé batendo palmas no ritmo da música. Mas de repente o som para e sobe no palco um daqueles personagens da vida que poderia facilmente ser eu ou você. Ele começa se apresentando e dizendo que antes de investir em seu próprio negócio ele batalhava como todos nós, ganhado o seu pão com o trabalho realizado entre um metrô lotado para ir e outro ainda mais lotado para voltar do trabalho. É claro que a história não acaba com ele solitário em um ônibus madrugueiro, mas sim com uma piada de seu chefe sobre a sua enorme coleção de carros e relógios importados. Olho para os lados e vejo o sorriso de satisfação e o brilho de esperança nos olhos de todos. Confesso que até eu mesmo me cativei pela emocionante história de enriquecimento de um jovem que podia ser eu. Mas logo percebi, que era esse mesmo o objetivo, nos convencer de que podíamos ser aquele personagem, podíamos ser os donos de uma coleção impressionante de carros, relógios, motos e o que mais quiséssemos se pudéssemos acreditar no sonho.

Não cabe a mim dizer se a história era real ou não, mas eu me lembrei do meu sonho durante aquela apresentação, me lembrei de tudo o que escrevi para ensinar meus alunos e de como essa escrita toda se transferiu para a publicidade. Me lembrei do poder do storytelling, afinal, era isso que ele nos mostrava, a jornada do herói desde de sua vida pacata e de certa maneira chata, até o seu convite para a criação de algo maior e o retorno ao mundo, diferente e vitorioso. Estava tudo ali, cada um dos passos, cada vírgula de uma boa história, somada a uma série de técnicas de apresentação e uma pequena pitada de PNL. Uma história real, usada para estimular as pessoas a seguirem seu sonho, era isso que eu precisava para realizar o meu próprio sonho. 

Há algum tempo venho trabalhando em um método de ensino que se aproprie de todo o processo do storytelling para atingir um resultado mais eficaz e, principalmente, menos doloroso ao aluno, uma inovação no modo de ensinar ao novo jovem. Eu diria, em meados de meus estudos e ainda com pouco conhecimento cientifico para embasar o conhecimento empírico que a primeira coisa a se fazer, para convencer seu público a baixar as armas e prestar atenção no que você tem a dizer, é apresentar, logo no primeiro parágrafo do discurso um personagem com o qual as pessoas se relacionem. Essa primeira história pode ser a sua, afinal, se você está ali disposto a ensinar alguma coisa é por que o assunto tem alguma importância na sua história. Se não for o caso desista, uma das primeiras qualidades de um bom professor é saber a importância do que está ensinando. A sua jornada até a sala de aula também é importante, responda aos seus alunos, antes mesmo que eles pensem em perguntar, como é que você chegou ali e porque é que você quer ensiná-los aquilo tudo. Provo por A + B que o que você tem a dizer pode mudar a vida deles simplesmente mostrando como aquilo mudou a sua vida. Inspire nos seus alunos a sensação de que se eles se dedicarem como você se dedicou, um dia poderão ser eles na frente da sala de aula, fazendo a diferença no mundo que só um professor sabe que é capaz de fazer. Certa vez, ouvi alguém dizer que ensinar é inspirar o aluno a aprender e não há melhor maneira de inspirar alguém do que contando uma boa história.  

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