Será que vai chover?

https://www.storytellers.com.br/2015/01/sera-que-vai-chover.html
Um sorridente “Acho que sim”, para os simpáticos. Um entusiasmado “Acho que sim, mas espero que não cause estrago que nem ontem, aliás, você chegou a ver o jornal?”, para os falantes. Um cortante “Não”, para os impacientes.
Mesmo que nos últimos tempos a resposta correta dessa
pergunta tenha ganhado tanta importância para o futuro cantareiro de São Paulo,
ela geralmente não importa muito. Na verdade, a pergunta “Será que vai chover?”
e suas irmãs “Que calor, hein?” e “Tá frio lá fora?” têm um objetivo bem mais cotidiano:
apenas puxar papo. Os elevadores, os táxis e as salas de espera já foram
cenários de inúmeras tentativas meteorológicas de acabar com aquele silêncio
terrível que assola os desconhecidos.
Mas porque esse silêncio é tão terrível? Calma, não
precisamos entrar em depressão existencial para responder essa pergunta. Na
verdade, não precisamos respondê-la (pelo menos não aqui). Aqui, basta entender
que esse comportamento curioso que atinge as senhorinhas que encontram seus
síndicos nos elevadores de seus prédios também pode afetar a comunicação de
maior escala, e, por que não, o Storytelling.
Hoje, muito se fala sobre a comunicação 360 e 365, ou seja,
conversar com o cliente por meio das várias plataformas com quais ele tem
contato (360), durante os vários momentos do seu cotidiano (365). Isso é difícil.
Mas não é impossível. O que é impossível (ou quase) é ser capaz de gerar
conteúdos relevantes em tantas conversas, ou seja, ser capaz de contar boas
histórias o tempo inteiro.
Às vezes, nessas conversas 360 e 365, podemos mandar um
“Será que vai chover?”, apenas na tentativa desesperada de impedir que o
silêncio constrangedor impere. E então, a relevância é comprometida, e apenas
recebemos uma resposta automática (ou não) daqueles com quem falamos. Mesmo que
isso não pareça ser um problema para aquelas senhorinhas do elevador, pode ser
um problema para marcas que querem manter um bom relacionamento com o
consumidor.
Por isso, é importante entender que a urgência de falar o
tempo todo talvez não signifique literalmente falar o tempo todo, mas saber incluir
os silêncios assustadores entre as conversas. Da mesma forma, talvez não
precisemos contar frenéticas histórias atrás de histórias, mas saber contar as
histórias certas, respeitando suas pausas e ausências. “Será que vai chover?”
pode ser um gesto de simpatia, mas falar só sobre isso todos os dias é mais
chato que conversa de elevador.