A FĂRMULA DO STORYTELLING
NĂŁo tem mais ninguĂ©m com vocĂȘ no elevador social, entĂŁo vocĂȘ aproveita o espelho para ajeitar alguns fios mais rebeldes. A velocidade diminui de modo que vocĂȘ faz uma Ășltima pose e logo em seguida fica de frente para a porta. A porta se abre e vocĂȘ quase cai para trĂĄs enquanto pisca os olhos para tentar desfazer a imagem que diante de si. Do lado de fora um zumbi aguardava por esse momento e agora ele acaba de erguer os braços e dar o primeiro passo em sua direção...
"As leis da escrita sĂŁo tĂŁo imutĂĄveis quanto Ă s da matemĂĄtica, da fĂsica e da aviação" certa vez escreveu Ernest Hemingway numa carta para o colega Maxwell Perkins. As leis da escrita Ă s quais ele se refere, compĂ”em metade de uma fĂłrmula maior. A fĂłrmula do storytelling.
O artigo começou com uma pequena situação envolvendo o mito dos mortos-vivos, um tema que estĂĄ em torno da franquia 'The Walking Dead' e com o filme 'Guerra Mundial Z'. Retomando a narrativa, sim, pode ser que o mundo tenha sido atingido novamente por um apocalipse zumbi e vocĂȘ esteja descobrindo em primeira mĂŁo. Mas tambĂ©m pode nĂŁo ser nada disso, pode ser apenas uma pessoa brincando com uma fantasia de carnaval. Ora, se fizer sentido, tudo Ă© possĂvel.
Tudo o que "pode ser que isso, ou pode ser que aquilo" estĂĄ no campo daquilo que consideramos como story. Story Ă© tudo aquilo que Ă© imaginĂĄrio. JĂĄ o telling Ă© a busca por uma forma de expressar isso. O telling Ă© o exercĂcio de tirar da cabeça e transportar para o papel.
Foi então que eu defini uma regra para meus trabalhos. Para que o estiver no seu papel possa agora invadir outras cabeças e brincar com a imaginação e, quem sabe até, com o coração dos outros, existe uma måxima que pode ser inclusive apresentada numa equação matemåtica: Story > Telling.
A tradução dessa fĂłrmula Ă© simples. Ela significa que nĂŁo importa se vocĂȘ estiver fazendo uma apresentação corporativa, um anĂșncio para uma multinacional ou um romance para vender nas livrarias; sua obra serĂĄ ruim por definição se aquilo que estiver na sua cabeça estiver inteiramente expresso nos seus slides, nos seus 30 segundos ou na somatĂłria das suas pĂĄginas.
Quando falamos do pensamento de storytelling, o segredo nĂŁo estĂĄ somente em como contar a histĂłria, mas principalmente no que deixar de contar. Afinal, como vocĂȘ quer que as pessoas pensem na sua histĂłria se vocĂȘ nĂŁo deixou espaço pra que elas pudessem imaginar?
Ainda cabe um adendo para que essa fĂłrmula funcione. Como ensinou Ernest Hemingway no livro 'Paris Ă© uma Festa' "A histĂłria era sobre o retorno da guerra, mas em nenhum momento a guerra foi sequer mencionada (...) Esta parte foi omitida de acordo com a minha nova teoria de que vocĂȘ pode omitir qualquer coisa se vocĂȘ sobre aquilo que vocĂȘ estĂĄ omitindo e que a parte omitida iria fortalecer a histĂłria e que faria as pessoas sentirem algo maior do que elas poderiam compreender."
NĂŁo Ă© por acaso que o gĂȘnio da literatura afirmou que sua contagem diĂĄria de palavras girava em torno de 400 a 600, num dia inspirado. Com mais de 300 ele ainda se sentia bem.
Argumentou que alguĂ©m que critique essa quantidade nĂŁo entende nada sobre escrever bem e nem sobre a felicidade que alguĂ©m tem ao despejar 422 palavras dispostas tĂŁo bem quanto vocĂȘ imaginava. SĂł mesmo o exagero no story e a diligĂȘncia no telling para que seu texto ganhe vida.
A fórmula do storytelling é simples, mas não é fåcil... o artigo foi escrito originalmente para o portal Nós da Comunicação.
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