JOGOS VORAZES NA VIDA REAL

https://www.storytellers.com.br/2020/03/jogos-vorazes-na-vida-real.html
Sempre falamos da influência do Storytelling no consumo, mas hoje vamos ver um outro ângulo desse impacto.
As grandes histórias, aquelas que entram para o tecido cultural da sociedade, possuem um poder incomparável: gerar um código próprio de comunicação. As pessoas se apropriam do universo simbólico e passam a usá-lo. Um anúncio demonstra o processo de forma genial.
Às vezes isso pode significar mais vendas de um produto, mas em alguns casos específicos o uso é muito mais revolucionário. Um dos casos mais emblemáticos é o V de Vingança.
O caso mais recente está ligado à saga Jogos Vorazes. O que começou como uma história distópica quase boba, acabou tomando proporções grandiosas. O primeiro efeito foi inaugurar uma nova era de distopias como Divergente e Maze Runner.
A história de Jogos Vorazes é a seguinte: depois de um apocalise nuclear, o mundo viveu um caos até que um grupo conseguisse se organizar em uma nação chamada Panem. Com pouco pão para os pobres e muito circo para a elite, houve uma rebelião. O símbolo dos rebeldes é aquele da foto no começo do texto: o braço erguido com três dedos unidos. A rebelião foi abafada e como medida disciplinar, os estados rebeldes devem entregar dois jovens anualmente. Eles são chamados de tributos, porque é como se fossem lançados ao vulcão: serão colocados em um coliseu moderno onde duas dúzias de jovens irão lutar até a morte. O sucesso de vendas foi espantoso.
Parte do fenômeno editorial pode ser explicado por aquilo que alguns autores chamam de "conjuntuta" e outros mais poéticos colocam como "espírito da época".
Apesar de se passar em um futuro distante, Jogos Vorazes conversa perfeitamente com o contexto social em que vivemos. Panem é composto por uma rica capital cercada por doze distritos pobres. É só visualizar Brasília e suas cidades-satélites. Por essas e por outras, é fácil de traçar o paralelo com a realidade.
Não é por acaso que os manifestantes na Tailândia estão usando o mesmo gesto contra o regime militar que recentemente derrubou o rei.
Nada mais providencial do que esse movimento justamente agora, que o terceiro filme da saga chega aos cinemas. A tela inspira a revolução e os gestos divulgam o filme como se fosse uma invejável ação de marketing de guerrilha.
Não é por menos que a primeira coisa que os ditadores fazem é aplicar a marca registrada das épocas de trevas: queimar os livros. Mas nem as grandes fogueiras dos soldados de Hitler ou dos bombeiros de Fahrenheit 451 são capazes de acabar com as histórias.
Esse post tem muitas influências de Mauro Palacios, CEO da Twist.
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