O QUE TENTA ENGANAR NO STORYTELLING - 10 truques e floreios usados para fazer vocĂȘ aceitar a ausĂȘncia de uma narrativa.

Da Série: Desvendando o Storytelling #Post 2
Veja o #Post 5: O QUE É STORYTELLING
Veja o #Post 4: O QUE PODERIA SER Storytelling, MAS AINDA É storytelling
Veja o #Post 3: O QUE TODO MUNDO DIZ SER STORYTELLING
Veja o #Post 1: O QUE NÃO É STORYTELLING
________________________________________________________________________________
A Entrega



LĂ­via abriu a porta e viu aquela caixinha familiar que recebia todas as semanas. Era rosa, com uma fita prateada, suas cores preferidas. Pegou o pacote e o colocou na cozinha, jĂĄ imaginando as trufas que estariam lĂĄ dentro, junto da carta de amor que ele sempre lhe escrevia. Nem ela tinha tanta criatividade para tantos poemas. Ela estava feliz. Eles pertenciam um ao outro e nada podia atrapalhar seu amor. Em um ano, se mudariam para o mesmo apartamento, e dali a seis meses, casamento. Satisfeita, LĂ­via abriu seu pacote, e, como esperava, lĂĄ estavam as trufas de maracujĂĄ e morango ao lado de sua carta perfumada. Ela suspirou apaixonada, beijando o papel com delicadeza. Abriu a caixa de chocolates, e entĂŁo lhe surgiu a dĂșvida: Qual sabor comeria primeiro?


_____________________________________________________________________________

O texto “A entrega” nĂŁo Ă© Storytelling, porĂ©m tem o poder de mexer com o imaginĂĄrio das pessoas ao trazer um artifĂ­cio familiar. Consiste na utilização de personas representadas desde os tempos da ComĂ©dia Dell’Arte:  Os enamorados. Por ser um tema que traduz o desejo de diversas pessoas, consegue ganhar popularidade, mesmo sem ter uma narrativa forte por trĂĄs. 

Veja quais artifĂ­cios sĂŁo usados para disfarçar a ausĂȘncia de histĂłria e como sĂŁo usados hoje em dia.

1. Um casal de apaixonados


Pode ser utilizado como apelo funcional ao pĂșblico, como em comerciais de produtos diversos. Um exemplo sĂŁo os comerciais de chocolate, que fazem uma abordagem mais romĂąntica. Normalmente nesses comerciais, nĂŁo hĂĄ nenhum conflito e tudo funciona perfeitamente, sem nenhum empecilho.


2. Animais ou bebĂȘs


Quem nunca passou um tempo considerĂĄvel vendo vĂ­deos no Facebook sobre animais ou bebĂȘs fazendo o que fazem de melhor: sendo fofos?  Apesar de tambĂ©m nĂŁo apresentar uma narrativa, esses artifĂ­cios funcionam, jĂĄ que cativam uma grande audiĂȘncia.



3. Muita ação e efeitos especiais


Alguns filmes de ação parecem ter gastado todo orçamento com o After Effects e cenas de destruição, esquecendo-se da importùncia de um roteiro consistente. Os resultados são personagens sem conflitos, escolhas sem sentido e fatos que não encaixam.



4. GĂȘnero Sick Lit Crianças doentes ou qualquer coisa que faça te sentir culpado, se nĂŁo gostar.


ArtifĂ­cio tipicamente usado pelas ONG’s. Ele funciona por tentar evocar compaixĂŁo por parte das pessoas e fazĂȘ-las ajudar em uma boa causa. No entanto, acabam atraindo pela tragĂ©dia, e muitas vezes se tornando inconvenientes, ao invĂ©s de explorar a comunicação de modo rico, atravĂ©s das histĂłrias. 


5. O artĂ­stico demais – É tĂŁo artĂ­stico que acaba nĂŁo dizendo nada.




Pode ser artĂ­stico? Pode. Pode investir em direção de arte e cenografia, deve. Funciona? Claro, mas depende para o quĂȘ. Se o objetivo for criar uma estĂ©tica e uma atmosfera que represente o produto, estĂĄ perfeito.. Mas estaria enganado a audiĂȘncia se dissesse ser Storytelling.


6. O desabafo do escritor



AlĂ©m das cenas em que o personagem resume o que aconteceu nos capĂ­tulos anteriores, ou explica para o pĂșblico como estĂĄ se sentindo ou conta sobre seu plano maligno, temos tambĂ©m algumas falas de personagem que expressam a opiniĂŁo do autor sobre determinado assunto. O uso desse artifĂ­cio Ă© completamente perceptĂ­vel, pois as palavras ditas nĂŁo cabem na boca e caem no monĂłlogo. No Storytelling, o personagem Ă© tĂŁo bem trabalhado que parece ter vida prĂłpria independente de seu autor, de modo que podemos retirar os nomes dos personagens de um roteiro e ainda conseguir identificar quem estĂĄ falando qual fala.


7. Usar atores famosos de filmes ou novelas conhecidas


Utilizar atores famosos é um dos artifícios mais manjados no entretenimento. Afinal, se é um filme com o Bradley Cooper deve ser bom. No entanto em filmes ou séries que dependem somente da reputação dos atores, a narrativa pode deixar a desejar, apresentando enredo e conflitos fracos.


8. Adaptar histĂłrias que jĂĄ funcionaram para campanhas publicitĂĄrias.




Pegar carona em uma histĂłria que jĂĄ funciona, Ă© um artifĂ­cio com grandes chances de dar certo. Isso ocorre, pois as referĂȘncias e o sentimento buscado pela marca jĂĄ foram colocados pela histĂłria. Apesar de funcionar, torna-se perigoso se a marca tentar se adequar Ă  histĂłria sem que essa faça sentido para a sua comunicação. O ideal Ă© que a histĂłria se adeque a marca, ou seja, que a empresa crie suas prĂłprias narrativas.


9. Usar metĂĄforas visuais


As metĂĄforas visuais traduzem um conceito em imagem de modo prĂĄtico simples, para que a mensagem seja entendida imediatamente. SĂŁo um tipo de artifĂ­cio efetivo, dependendo do propĂłsito da comunicação. No entanto, torna-se fĂĄcil de cair no clichĂȘ. É bonito, pode ser forte, mas nĂŁo Ă© Storytelling, jĂĄ que nĂŁo tem nem um personagem central, mas sim uma pessoa que poderia ser qualquer um. Podendo ser qualquer um, acaba sendo ninguĂ©m. E sabemos que a audiĂȘncia sĂł se relaciona com alguĂ©m.


10. Recorrer a mascotes 


Mascotes podem ser utilizados, mas devem ter um propĂłsito. Criar um mascote apenas pelo simples fato de ter um, ou de ter um apelo mais visual nĂŁo Ă© um motivo forte o suficiente. Normalmente os mascotes sem propĂłsito levam o nome de “Super-Nome Da Marca No Diminutivo” e nĂŁo agregam nenhum contexto ao produto.


Reconheceu esses artifĂ­cios usados pelas marcas e pelas indĂșstrias de entretenimento?  Quer saber como nĂŁo usĂĄ-los na sua marca e construir uma narrativa forte e consistente capaz de criar maior engajamento?

Veja os nossos cursos. O prĂłximo serĂĄ no Rio de Janeiro, dia 7 de Novembro.
Para mais informaçÔes, clique:


ComentĂĄrios

Postar um comentĂĄrio