O QUE Ă STORYTELLING! - Um resumo em 10 passos
Da SĂ©rie Desvendando o Storytelling #Post 5 (Ășltimo Post)
Para ver o # Post 4: O QUE PODERIA SER Storytelling, MAS AINDA Ă storytelling
Para ver o # Post 3: O QUE TODO MUNDO DIZ SER STORYTELLING
Para ver o # Post 2: O QUE TENTA ENGANAR NO STORYTELLING
Para ver o # Post 1: O QUE NĂO Ă STORYTELLING
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Para ver o # Post 4: O QUE PODERIA SER Storytelling, MAS AINDA Ă storytelling
Para ver o # Post 3: O QUE TODO MUNDO DIZ SER STORYTELLING
Para ver o # Post 2: O QUE TENTA ENGANAR NO STORYTELLING
Para ver o # Post 1: O QUE NĂO Ă STORYTELLING
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A Surpresa
"Finalmente." - Pensou LĂvia. Finalmente ela poderia viver em paz, sem chorar quase todas as noites ao pensar em seu amado com outra. Assim que ele fosse dela, todas as lembranças sombrias antes dele ficariam para trĂĄs. Fazia agora seis anos desde o fatĂdico dia. Naquela Ă©poca, ela era apenas uma jovem moça que nunca havia deixado sua cidade no interior. Vivia tranquilamente e pagava suas contas nĂŁo muito altas com seu salĂĄrio de gerente. Havia trabalhado para o seu TĂŽnio desde que era adolescente e havia conquistado o cargo com merecimento. Namorava HĂ©lio e todos os meses recebia dele trufas de morango e maracujĂĄ, junto a uma carta que trazia em verso os mais belos dizeres. Tudo ia conforme o planejado. AtĂ© que um dia, ao abrir a carta de FlĂĄvio, ela nĂŁo encontrou juras de amor, mas sim um bilhete de despedida. FlĂĄvio a havia abandonado apĂłs trĂȘs anos de namoro e nem tivera a coragem de lhe dizer adeus pessoalmente. LĂvia precisava sair dali. NĂŁo conseguia viver em um lugar onde tudo lhe lembrava dor. Ela pegou sua mala rosa, ainda nova por nunca ter sido antes usada, e partiu para a cidade grande. Ela agora estava sozinha, mas era exatamente onde queria estar.
LĂvia nĂŁo contava com as dificuldades em arranjar um emprego, conseguindo apenas trabalhar como dançarina em um dos clubes de SĂŁo Paulo. Mas nĂŁo era isso o que ela havia planejado. Sabia que podia mais, mas ninguĂ©m parecia interessar-se por uma garota caipira. Exceto por Carlos. A primeira vez que ele a olhou, LĂvia nĂŁo sentiu julgamento da maneira como costumava sentir, mas sim compaixĂŁo. Os dois se aproximaram e começaram uma amizade doce. Foi apenas no dia em que essa amizade evoluiu para um romance que Carlos lhe revelou ser casado. Era tarde demais, LĂvia jĂĄ estava envolvida e optou por aceitar ser sua amante. Mas seu sofrimento continuava e o pouco de Carlos que tinha jĂĄ nĂŁo era mais suficiente. Ela tinha duas opçÔes: ou desistia de seu amor por Carlos e tinha seu coração dilacerado mais uma vez, ou continuava a sofrer calada, aproveitando o pouco de amor que Carlos lhe dispunha. A decisĂŁo veio em um momento de raiva e loucura, algo que ela nunca havia considerado antes: Ela precisava contar a AmĂ©lia a verdade. AmĂ©lia era esposa de Carlos e nunca havia desconfiado de nada. LĂvia podia ver a decepção em seus olhos quando bateu a sua porta. Mas tudo tinha valido a pena e agora Carlos seria sĂł dela. LĂvia havia pedido que lhe desse o presente de casamento que ele daria a esposa e quando viu aquela caixinha rosa, jĂĄ sabendo o que tinha dentro, riu de felicidade. Agora ele seria inteiramente dela. Mas Carlos agia de um modo estranho. Enquanto LĂvia sorria, ele permanecia sĂ©rio e suor escorria de sua testa.
Quando menos esperava, Carlos mostrou o que estava carregando por trĂĄs de suas costas. Era um machado. LĂvia ficou completamente sem reação ao perceber que quem ela mais amava estava prestes a cometer uma grande atrocidade. Seus olhos começaram a arder e ela falou com a voz mais firme que conseguiu encontrar dentro de si. "Me perdoe, Carlos, pois eu tambĂ©m o perdĂŽo." As palavras pareceram tocar Carlos, que largou a arma e se retirou, deixando LĂvia com o presente que antes tanto queria. Agora nada daquilo fazia mais sentido. Ela percebeu havia tentado possuir Carlos do mesmo modo que havia desejado possuir aquele vestido de seda e o colar de pedras azul turquesa. LĂvia nunca mais tentaria ser dona de ninguĂ©m e nĂŁo deixaria mais ninguĂ©m ser seu dono. Agora, ela pertencia a si mesma.
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Chegamos ao Ășltimo Post da sĂ©rie exemplificando o que Ă© o Storytelling, restritos pelo espaço disponĂvel. A partir dessa histĂłria conseguimos identificar do que uma narrativa precisa para ser considerada Storytelling. EntĂŁo vamos a isso:
1) Storytelling é sobre alguém.
A histĂłria deve importar para uma pessoa ou para qualquer outra coisa que possua verdade humana. Pode ser um robĂŽ ou um peixe, mas ambos precisam ter os sentimentos, afliçÔes e desejos humanos. No caso da nossa histĂłria, esse alguĂ©m Ă© LĂvia.
2) Esse alguém tem um desejo
Apresentamos em nossa histĂłria o desejo de nossa personagem de forma sutil. Ela estava feliz com sua vida no interior e orgulhosa de si mesma. Tinha um amor e pretendia continuar com ele por toda a vida. No Storytelling, o personagem precisa querer algo em todos os momentos.
3) Esse personagem deve ser multi lateral
Um personagem multi lateral significa um personagem que tem vĂĄrias perspectivas de personalidade. Por exemplo, se analisĂĄssemos a histĂłria sob a perspectiva de AmĂ©lia, poderĂamos cair no erro de julgar LĂvia como uma pessoa sem carĂĄter. Ao invĂ©s disso, colocamos o ponto de vista de LĂvia para mostrar como ela tambĂ©m possui conflitos e desejos com os quais podemos nos relacionar.
4) Esse personagem precisa sofrer uma mudança em sua vida
Se nada acontece na histĂłria, LĂvia continua com seu namorado e todos vivem felizes para sempre. Precisamos, entĂŁo, de um evento que impulsione a transformação de LĂvia. No caso, foi o tĂ©rmino de seu relacionamento de forma brutal.
5) Esse personagem precisa enfrentar conflitos
Vemos aqui que ao reagir ao incidente do tĂ©rmino de namoro, LĂvia começa a arcar com dificuldades que impulsionam a histĂłria pra frente.
6) A maneira como o personagem lida com seus conflitos e as escolhas que ele faz dizem tudo sobre ele
Muitas vezes lemos que Ă© preciso definir o signo, a cor dos olhos, dos cabelos, as roupas utilizadas pelo personagem.. Sim, tudo isso Ă© importante, mas nĂŁo essencial. O que diz mais sobre a personalidade de um personagem, Ă© quando ele Ă© colocado em uma encruzilhada e deve tomar uma decisĂŁo.
7) Depois de enfrentar os obstĂĄculos o personagem deve fazer uma escolha
Colocamos LĂvia em uma encruzilhada. Ela estĂĄ amando um homem casado e nĂŁo suporta a dor que isso estĂĄ lhe trazendo. Pressionada por seus prĂłprios sentimentos, ela decide, num ato de loucura, contar tudo Ă esposa de Carlos.
8) O personagem enfrenta as consequĂȘncias da sua escolha
Nenhuma escolha deve ser fĂĄcil. Deve estar claro o que estĂĄ sendo colocado em jogo. No caso de LĂvia, ela poderia perder Carlos para sempre, como realmente aconteceu. Acrescentamos um agente agravante, colocando, tambĂ©m, a vida de LĂvia em risco.
9) O personagem sofre um insight
ExperiĂȘncias negativas nĂŁo vem de graça para o personagem. Tudo Ă© feito para que ele aprenda algo. No caso de LĂvia, ao ver o que tinha causado a si mesma, ao ver o presente (a posse) que ela tinha conquistado com tudo aquilo, ela percebeu algo sobre como vinha agindo atĂ© entĂŁo.
10) O personagem sofre uma transformação
Com o Storytelling, devemos ser capazes de ver claramente a diferença do personagem que começou a história do personagem que terminou a história. A jornada deve, de alguma maneira, mudar algo na forma do personagem perceber e viver sua vida. Esse personagem utilizarå seu conhecimento servindo de exemplo para as pessoas ao seu redor. (A transformação pode ser tanto positiva quanto negativa, caso a história retrate uma corrupção do personagem)
Muito cuidado, pois esses elementos e muitos outros que utilizamos para compor histĂłrias nĂŁo funcionam separadamente. Tudo deve agir em unĂssono consolidado o universo ficcional criado. AliĂĄs, vocĂȘ percebeu que a histĂłria "A Surpresa" foi composta pelas informaçÔes dadas nos posts anteriores.?SerĂĄ que poderĂamos chamar isso de transmĂdia? A resposta Ă© NĂO. ISSO NĂO Ă TRANSMĂDIA. Aguarde o prĂłximo POST explicando o porquĂȘ!
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