O Mercado de Histórias

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uma história sobre contar histórias
– Temas – respondeu o
guia. - Esse é o Corredor dos Temas. Aqui você poderá encontrar a mensagem que
quer passar, o que o público vai lembrar quando pensar na sua história.
– Olha a lâmpada
mágica! Lâmpada mágica a preço bom e com garantia – gritava um vendedor.
– Sabres de luz!
Espadas de fogo! Lâminas encantadas! – gritava outro. – Na minha mão é mais
barato!
– Ovos de dragão! Ovos
de dragão! – gritava um terceiro. – Tem verde, vermelho e até azulão!
Eu olhava para tudo
fascinado. Não sabia em que loja entrar primeiro.
– Acho que vou querer
uma daquelas – disse para meu guia.
O guia olhou para a
direção onde eu olhava e indagou:
– Uma nuvem voadora?!
Deixa isso para lá. É besteira. Coisa de turista. Têm coisas muito mais
importantes para vermos aqui.
Pensei por um momento.
Abri a boca para debater, mas a fechei logo em seguida, concordando em
silêncio. Era a primeira vez que eu ia ao Mercado de Histórias. Fascinado com
tudo o que via, o melhor que eu poderia fazer era escutar ao meu guia.
Fizemos algumas
viradas e caminhamos rapidamente por alguns minutos. Eu continuava maravilhado
com tudo o que via pelo caminho.
– Chegamos – disse meu
guia esbaforido, parando em um grande espaço redondo com uma fonte no centro. –
Este é o centro do Mercado de Histórias – ele continuou. Ainda bem que
estávamos juntos, caso contrário eu jamais saberia encontrar aquele local
sozinho. – Essa é a Fonte da Inspiração. É daqui que saem os corredores
principais do mercado.
Ele fez uma pausa para
recuperar o fôlego e eu aproveitei para olhar ao redor. Pude ver cinco
corredores grandes e largos por entre as colunas de pedra que rodeavam o espaço
da fonte.
– Escute – o guia chamou
minha atenção novamente –, temos muito a ver. Por isso, espere até eu te
mostrar tudo para você fazer suas aquisições. Combinado?
– Combinado – eu
concordei.
– Então, vamos – ele
retomou o passo, me fazendo um sinal para que eu o seguisse.
Nós caminhamos um
pouco por um corredor repleto de gente. Não importava o quanto eu forçasse
minha vista, me sentia incapaz de ver um final para o caminho a minha frente.
Talvez por isso mesmo tenha mudado meu foco e comecei a olhar para os lados.
As lojas daquele corredor
eram estranhas. Todas estavam cheias de gente. Mas nenhuma tinha algum produto
exposto. Quero dizer, vi alguns robôs em uma, zumbis em outra, e até mesmo
dinossauros em uma terceira. Mas será que todas aquelas coisas bizarras estavam
a venda? Afinal, do que aquele corredor se tratava?!
– Esse é o Corredor
dos Personagens – me disse o guia, parecendo ler a confusão dos meus
pensamentos. – É aqui que você vai encontrar os personagens para sua história,
um dos elementos mais importantes para a ficção. Sua audiência vai se ligar
diretamente com seus personagens em uma conexão emocional que deverá manter o
interesse na história.
– O que é aquela loja
ali – eu perguntei, apontando um estabelecimento cheio de pessoas presas em
jaulas ou acorrentadas. Aquele lugar me dava arrepios.
– É uma loja de
vilões. Muito boa por sinal – ele olhou a loja comigo por um tempo. Juntos
pudemos ver um palhaço de cabelos verdes em uma cela ao lado de um pirata
cadavérico com as mãos e os pés presos por grilhões de ferro ligados à parede.
Próximo aos dois estava um alienígena avermelhado e musculoso em uma jaula que
dividia parede com a de uma bela mulher de cabelos negros, corpo perfeito e
olhos esverdeados. – Cuidado com vilões – continuou o guia, saindo de seu
transe. – Eles podem roubar sua história.
– Roubar minha
história?! – eu ri. – Como assim?
– Isso não tem graça
nenhuma. É sério! Um vilão fraco demais faz seu público perder o interesse. Mas
um vilão forte pode fazer sua audiência mudar de lado e começar a torcer para ele,
ao invés de para o seu herói. Você deverá saber como conduzir seu vilão para
ele não roubar a história... Mas podemos conversar melhor sobre isso em outro
corredor.
Andamos mais um pouco.
Pude ver uma loja que parecia uma academia de boxe, com ringue de luta e uma
disputa acontecendo. Vi outra que me lembrou de uma escola, cheia de garotos
arrumadinhos escrevendo e estudando. Mas a que me fez parar mais uma vez foi
uma loja inteira rosa e perfumada.
– Espera – pedi ao meu
guia, que caminhava apressado. – Quero entrar nessa loja.
– Está bem – ele
concordou. – Mas essa é a última parada antes do próximo corredor, ok?
Eu assenti com a
cabeça e em seguida entramos na loja.
Eu estava maravilhado.
Haviam mulheres lindas e charmosas para onde quer que eu olhasse. O lugar
lembrava um pouco um palácio. Ou um harém repleto de cortesãs.
– O que essa loja
vende? – perguntei.
– Essa é uma loja que
está se modificando. Antigamente ela vendia somente mocinhas frágeis que
precisavam ser resgatadas. Mas a demanda dos consumidores mudou. Então o dono
da loja, que não é bobo, começou a importar mercadorias diferentes. Agora ele
vende todo o tipo de personagens femininos: heroínas, personagens cômicos,
vilãs e outros artigos. Continua vendendo mocinhas também, mas em menor escala.
Da entrada da loja
pude ver uma sereia se banhando em uma piscina rústica de pedras cinzentas,
próxima a uma guerreira que afiava sua espada. Mais ao longe pude ver uma
garota jovem com flores no cabelo tocando violão, acompanhada de uma gueixa que
preparava chá e uma mulher vestida com uma burca negra dos pés à cabeça.
– Você pode voltar
depois para comprar qualquer uma delas. Só lembre-se de uma coisa: você não é o
único que precisa se apaixonar pelas suas personagens...
Eu balancei minha
cabeça.
– Vamos embora daqui
antes que eu comece a falar com alguma delas – disse isso, dei meia volta e saí
andando.
Pela primeira vez meu
guia riu. Não sei se pela minha idiotice ou se por já ter presenciado aquilo
antes. Pelo menos ele não tardou em me ultrapassar e voltar a liderar o caminho
enquanto eu fugia desesperadamente daquela loja.
Fizemos uma virada em
um pequeno corredor que vendia tesouros, roupas, pássaros e alguns tipos de
armas. Eu estava tão desconcertado com a última loja que tinha entrado que não
prestei muita atenção em nada até chegar a outro grande corredor.
As lojas desse novo
corredor eram mais simples. Na verdade, pelas vitrines, pude apenas olhar
homens e mulheres trabalhando atrás de mesas e atendendo alguns clientes. Em
uma ou outra loja pude ver pequenas construções em miniaturas ou mapas na
parede, mas nada que realmente chamasse à atenção como no corredor anterior.
– Onde estamos? –
perguntei.
– Esse é o Corredor
Tempo/Local – me respondeu o guia. – Bem simples não?
Eu olhei ao redor e
concordei.
– Muitos consideram
esse o elemento menos relevante da ficção – o guia continuou. – Mas existem
casos que o tempo e o local ganham tanta ênfase na história que também
estabelecem uma ligação emocional com a audiência. O exemplo que mais gosto de
usar é de uma escola de magia e bruxaria que você, como o resto do mundo, deve
conhecer muito bem.
– Sim, conheço –
concordei olhando ao redor impaciente. – Mas será que podemos ir a outro
corredor. Esse está meio... chato.
– Tudo bem. Mas
primeiro vamos a uma loja.
Passamos por duas
lojas e entramos na terceira. Um lugar sem graça com luzes brancas que
ofuscavam minha visão. Eu realmente queria ir embora dali.
– Boa tarde – saudou
um homem de camisa e gravata, vindo em nossa direção. – Posso ajudá-los?
– Sim, - disse meu
guia -, quero ver as opções de cenários épicos que vocês têm.
– Vamos à minha mesa,
será um prazer atende-los. Meu nome é Roberto e hoje eu serei seu corretor
Tempo/Local.
Caminhamos até a mesa
e nos sentamos em duas cadeiras vermelhas de frente para Roberto que estava se
sentando do outro lado, de frente a um computador. Ele digitou alguma coisa e
virou a tela para nós.
– Essas são algumas
das opções que tenho para vocês hoje – ele movia a página para baixo
lentamente. – Como vocês podem ver, temos bastante coisa.
Enquanto a página
descia pude ver diferentes anúncios: “Mundo mágico 20000000m², repleto de
florestas, mares e montanhas”; “Cidade Submarina com anfiteatro, palácio e
espaço para 20000 pessoas”; “Fortaleza Ninja no Japão Medieval, com armas e
armadilhas inclusas”; “Templo Sagrado na Grécia Antiga”...
– Espera – pedi. –
Deixa eu ver esse “Templo Sagrado na Grécia Antiga”, por favor.
De canto de olho pude
ver um sorriso brotar nos lábios do meu guia. Ele ficou satisfeito pela minha demonstração
de interesse.
– Essa é uma ótima
escolha! – disse Roberto, clicando com a seta do mouse no anúncio.
Roberto era realmente
um bom corretor. Me mostrou todos os aspectos do templo, me deu sugestões de
combinação com personagens e falou um pouco sobre temas e enredos possíveis.
– Meu amigo aqui não
sabe nada sobre temas e enredos – interrompeu meu guia. – Então é melhor não tocar nesses
assuntos com ele.
Roberto se desculpou,
concordou e prosseguiu seu discurso abordando outros aspectos da venda.
Meu guia conduziu as
negociações dali por diante. Pediu para vermos outras ofertas. Perguntou pontos
chaves. E, quando chegou a hora, agradeceu e disse que voltaríamos depois.
– Tempo/Local
realmente é uma parte chata e complicada na criação de qualquer história, eu
sei – ele me disse assim que saímos da loja e entramos em um corredor lateral.
– Mesmo assim, é um aspecto que requer muita atenção. Lembre-se disso.
Logo chegamos a outro
corredor. Um corredor estreito, com lojas que nada mais eram que balcões em
frente a prateleiras vendendo...
– Chaves? – perguntei.
Olhei pelo corredor.
Apesar de estreito, era extremamente longo.
– Esse corredor parece
não ter fim – disse. – Existem tantos temas assim para que ele seja tão
comprido?
– Tantos quanto sua
imaginação puder criar – ouvindo as palavras do guia eu comecei a observar
melhor as chaves a venda pelas prateleiras atrás dos balcões. – Existem temas
batidos como amor incondicional – pude ver uma chave de ouro, com um rubi em
formato de coração –, a luta do bem contra o mal – vi uma chave com serra dupla, de um lado preta do outro prateada –, e sobre conquistas – vi uma chave
de madeira que parecia terminar uma bandeira tremulante. – Mas existem outros
temas, como peixes zumbis do espaço – eu ri ao escutar isso, pois na
mesma hora pude ver uma chave futurística em formato de peixe. – É uma dessas
chaves que vai abrir um espaço na cabeça do seu público. Por isso, escolha bem.
Diferentemente dos
outros dois corredores, meu guia não se demorou muito no Corredor dos Temas.
Logo após seu breve discurso, virou de costas e fez um sinal para que eu o seguisse,
indo para outro corredor intermediário, que eu já esperava que ligasse a outro
corredor principal. E eu estava certo.
– Vamos passar rápido
por esse corredor também – ele me disse logo de cara. – Não que não seja
importante, mas é que tanto esse corredor quanto o Corredor dos Temas são
melhores de serem explorados sozinhos. Eu só queria te dar uma introdução a
eles.
– Por quê?
– Porque são
corredores muito pessoais. Quero dizer, no Mercado de Histórias tudo acaba
sendo meio pessoal. Mas nesses casos não adianta muito eu te mostrar lojas e
negócios, porque tudo depende do que você estiver buscando, entende? No
Corredor dos Personagens você até pode fazer uma compra por impulso. E no do
Local/Tempo você até pode pensar em algo diferente do que estava imaginando.
Mas tanto nesse corredor quanto no dos Temas é uma escolha um tanto quanto
íntima e única.
– Mas, afinal, que
corredor é esse? – perguntei enfim.
– Esse é o Corredor
dos Estilos.
– Corredor dos
Estilos? – era estranho ele dizer isso. Eu só conseguia ver lojas de tapetes
ali.
– Sim – meu guia me
respondeu. – Talvez seja melhor eu demorar um pouco mais de tempo nesse
corredor do que o planejado. Vai te ajudar a entender melhor. Vamos entrar
naquela loja.
Ele apontou para uma
loja grande onde em frente um vendedor fumava narguilé sentado em um banquinho.
Meu guia cumprimentou o vendedor e entrou na loja. Eu o imitei e o acompanhei,
curioso para entender o que ele iria me mostrar ali.
– Magnífico – ele
disse examinando um tapete. – Você consegue ver?
Eu via, mas não
entendia. Via as cores vermelha, marrom e azul. Via padrões geométricos. Via a
costura. Mas não entendia o que nenhum daqueles aspectos do tapete tinham a ver
com uma história.
– É realmente bonito,
mas e daí?
Meu guia pareceu
insultado por um momento.
– Mas e daí? – ele
indagou irritado. – É isso mesmo o que você me perguntou? – eu abri a boca para
responder, mas ele não deixou espaço e continuou sua fala logo em seguida. – O
Estilo é um dos elementos principais ao se construir uma ficção. São as
escolhas que você fará sobre o modo de contar a história. O ponto de vista, o
tom, o ritmo, a linguagem, a estrutura e muito mais – ele pegou o tapete e me
fez observá-lo novamente. – Veja. Você consegue ver os traços? Os padrões
perfeitamente lineares costurados em meio a um caos colorido? Isso é uma obra
de arte.
– Agora entendi.
– Que bom – meu guia
disse satisfeito. – O estilo que você escolher será único para contar toda sua
história. É ele que vai levar os seus leitores pela sua ficção.
Em um gesto súbito,
meu guia estendeu o tapete no ar e o jogou. E foi aí que minha surpresa ficou
completa. O tapete não caiu. Simplesmente ficou flutuando no ar.
– Vamos, suba – ele
disse. – Vou falar com o dono da loja para fazermos um test drive. Ele me
conhece, acho que vai deixar.
Eu subi no tapete que
aguentou meu peso e continuou flutuando enquanto observava meu guia conversando
com o dono da loja. Aparentemente estava tudo certo para o nosso test drive.
– Me dê espaço – ele
pediu quando se aproximou e começou a subir no tapete. – E se segure.
Com um gesto simples,
meu guia fez o tapete voar para fora da loja e por cima do Corredor dos
Estilos. Eu tive que me segurar para não cair quando ele fez uma curva abrupta e
diminuiu a velocidade para pousar.
– Já? – perguntei
quando chegamos ao que parecia ser o último dos cinco corredores principais do
mercado.
– Sim – meu guia
respondeu, saindo de cima do tapete. – Um pouco mais rápido do que eu pensava,
devo confessar.
Eu coloquei meus pés
no chão, um pouco tonto pelo passeio com o tapete voador. Estava de olhos
fechados, tentando evitar a visão navegante de tudo girando a minha frente.
Escutava muitos barulhos, porém o sentido que mais aguçou minha curiosidade e
me fez querer abrir os olhos foi meu olfato.
– Esse é o último
corredor – me disse o guia –, o Corredor dos Enredos.
As lojas ali vendiam temperos,
nozes, frutos, sementes e doces. Dessa vez eu nem iria tentar formar alguma das
dúvidas que tinha na minha mente. Era melhor ficar quieto, já que meu guia iria
me tirar da minha confusão em algum momento.
- O enredo – continuou
ele, enrolando o tapete voador e o jogando por cima do ombro – é o que incita
a curiosidade do seu público. É como as coisas acontecem. É o que faz um leitor
querer virar a página perguntando “O que acontecerá agora?”.
Meu guia se aproximou
de uma loja e pegou uma espécie de doce gelatinoso que estava exposto e cortado
para degustação.
– Vamos – ele disse –,
experimente!
Ele colocou um pedaço
de doce na boca e eu fiz o mesmo.
– Você consegue
sentir? – ele falou de boca cheia, mastigando. – O começo é um pouco azedo e
depois vai se modificando. Quando você pensa que vai perder totalmente o gosto,
ele fica muito doce. Quase enjoativo. E então vem esse amargor final e está na
hora de engolir.
– Parece uma história
de amor não muito feliz – eu disse, fazendo careta para o gosto ruim que tinha
ficado na minha boca.
Meu guia caminhou até
outra loja, pegou uma colher de plástico descartável e a colocou em um punhado
de pó vermelho. Em seguida colocou a colher na minha boca tão rapidamente que
eu nem pude contestá-lo.
– Aqui está um sabor
um pouco mais feliz para tirar esse amargor da sua boca então.
Era salgado. E doce ao
mesmo tempo. Um sabor confuso que devo admitir que me agradou.
– O que é aquilo ali?
– perguntei aprontando para uma bandeja de prata com frutos avermelhados em
frente a uma árvore.
– Quer provar? Estão
expostos para degustação.
Eu caminhei até a
bandeja e peguei um dos frutos, colocando-o na minha boca. Um sabor exótico, doce no
começo, depois salgado e depois... depois... depois incendiário! Minha boca
estava em chamas.
– Venha – disse meu
guia gargalhando e me pegando pela mão –, tome um pouco disso – ele pegou um copinho plástico com um líquido branco e me deu – Vai apagar o fogo na sua
boca.
Eu tomei o líquido
instantaneamente. Não tinha gosto de nada. Mas fez as labaredas que incendiavam
minha língua se apagarem.
– Que diabos era
aquilo? – eu perguntei, com lágrimas escorrendo dos meus olhos.
Meu guia também tinha
lágrimas escorrendo dos olhos, mas eram de rir e não de agonia.
– Um toque de pimenta.
Tem gente que gosta! Mas para outras pessoas é realmente muito forte.
Entretanto, é sempre bom colocar um pouco de pimenta na sua história. Nada
exagerado para não ofuscar outros sabores, mas, na medida certa, uma apimentada
no seu enredo faz seu público pedir por mais e mais da sua história.
Depois daquilo, eu
teria mais cuidado com o que experimentaria. Na verdade, sempre faria meu guia
experimentar tudo junto comigo.
Juntos experimentamos
nozes de sabores amenos e sabores salgados. Doces divertidos e enjoativos.
Temperos salgados, amargos, azedos, adocicados e até mesmo apimentados (mas em
menor escala). Aquele corredor era fascinante.
– Você vai escolher a
combinação que quiser para formar o enredo da sua história. Porém tente fazê-la
de forma harmoniosa ou até mesmo contrastante. Nunca de forma enjoativa, sem
graça ou exagerada. Esse é o conselho que te dou. Agora vamos, você deve estar
com sede depois de experimentar tanta coisa.
Ele estava certo. Eu
estava sedento.
– Para aonde vamos
agora? – perguntei curioso para saber aonde mataria minha sede.
O guia estendeu o
tapete voador no ar que voltou a flutuar. Ele subiu e disse:
– Para o centro do
Mercado de Histórias, a Fonte de Inspiração. Lá você pode beber um pouco de
água e pode começar a fazer as escolhas que quiser para suas histórias. Espero
que tenha gostado do passeio.
Gostado? Eu tinha
adorado!
– Posso ficar com esse
tapete? Vai ser muito mais fácil me locomover por aqui com ele.
– Eu tenho que
devolvê-lo para a loja de onde viemos no Corredor dos Estilos. Mas você pode
compra-lo lá mais tarde. Seria um bom modo de começar suas escolhas por aqui,
não é? Já escolhendo um bom estilo.
Eu sorri e concordei.
– Sim, mas primeiro
acho que um pouquinho de água daquela fonte não me faria mal.