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STORYTELLING, CIÊNCIA E TECNOLOGIA



Muitas vezes falamos de Storytelling como a mais nova descoberta da humanidade, outras como a coisa mais antiga que existe no mundo. A verdade é que contar histórias é algo tão complexo e poderoso e acaba tornando realidade esse paradoxo.

Para entender melhor isso tudo é preciso partir da ideia de que storytelling é uma tecnologia, ou seja, uma forma de um técnica (narrativa) que encontrou a ciência e se tornou um processo capaz de ser reproduzido. A técnica, que podemos chamar de "contar histórias" está realmente acompanhando a humanidade desde os nosso primórdios, mas não faz muito tempo que a ciência da comunicação virou seus olhos para essa técnica e finalmente passou a transformá-la em tecnologia, e isso sim é novo, a tecnologia da comunicação conhecida como storytelling é absolutamente nova no mundo da comunicação e estamos todos batalhando para tentar entender toda a sua complexidade.

Uma das notícias mais interessantes que eu vi nos últimos tempos sobre storytelling enquanto tecnologia chegou até mim pelo Fernando Palacios em um link para o The Guardian, um dos jornais britânicos de maior importância internacional. A manchete lê-se Penny Bailey sobre escrita científica: "Você precisa saber contar uma  boa história."

A matéria que se inicia com a afirmação de Penny Bailey de que "é fácil se enrolar com as especificações científicas e esquecer da história que trás tudo aquilo a vida" quando se está escrevendo sobre ciência, mostra que os cientistas também se apoiam em certas formas narrativas para potencializar a compreensão de seus artigos e explicações. Para Bailey existem alguns fatores importantes que devem estar presentes em uma boa história científica, entre esses fatores estão também alguns dos aspectos mais importantes do storytelling na comunicação, coisas como "aspecto humano" que torna todo o texto vivo de certa maneira, a novidade científica que gera curiosidade e os conflitos que tiveram que ser superados.

Durante sua entrevista Bailey dá X dicas importantes sobre escrita científica que podem servir de lição de casa para qualquer storyteller.

1. Saiba contar a sua história e conheça o conteúdo do qual está falando.

2. As metáforas podem ser usadas para dar explicações difíceis ou oferecer um ponto de vista diferente durante o texto.

3. Cuidado para não se perder nos detalhes do conteúdo, dê ao expectador o que realmente importa.

Para mais detalhes sobre a relação entre storytelling e a escrita científica vocês podem acessar a entrevista original em inglês aqui http://www.guardian.co.uk/science/2013/mar/27/penny-bailey-science-writing-wellcome




STORYTELLING: REALIDADE E FICÇÃO

Esse post faz parte de uma série de posts que irão ser publicados por mim aqui no storieswelike durante a semana, o tema da semana é "realidade e ficção".




Essa é a história do filho de um famoso mágico, que aprendeu tudo com o pai antes de sua morte. Porém, ninguém levava a sério uma criança ilusionista e por isso o garoto começou a fazer seus truques dizendo que era mágica. Sem saber onde estava sua mãe ele partiu, ainda criança, em uma longa viagem pelo país em busca da única família que lhe restava e deixou no caminho uma longa lista de amigos e inimigos, pessoas que o amavam e o odiavam por sua mágica.

Certa manhã ele chegou em uma cidade e só sairia de lá ao entardecer, então pegou sua mochila, suas cartas e foi para a praça central. Era assim que ele ganhava dinheiro para comprar comida. Fazendo mágica em praça pública. No início ninguém parou pra assistir, até uma criança, um garoto mais jovem do que ele, sentou no chão, do outro lado da rua e ficou admirado pelos truques de um ilusionista tão novo.

O dia passou e o jovem já estava cansado de suas próprias brincadeiras, o chapéu no chão já devia ter dinheiro o suficiente para uma refeição e se não partisse logo, ele perderia sua carona. Então deu o show por encerrado e agradeceu a bondade de todos. Esperou que estivesse sozinho e começou a arrumar suas coisas, ao abaixar  para pegar sua mochila deixou cair uma carta da manga de sua jaqueta. Assustado recolheu a carta do chão e percebeu que do outro lado da rua, estava o menino que havia passado a tarde inteira sentado, assistindo sua apresentação. O olhar triste do garoto o emocionou, ele foi até lá e perguntou o que estava o deixando triste, qual era o problema.

- O problema é que você não faz mágica, apenas truques... - disse a criança muito triste.

- Claro! Ninguém faz mágica amiguinho, mágica não existe... - disse ele ao perceber que o menino vira a carta cair de sua manga.

- Eu sei que não... mas, enquanto você se apresentava parecia mágica, era bonito, agora que eu sei como você faz, me sinto enganado.

Confuso pelo que estava acontecendo o garoto foi embora, não entendia como alguém podia gostar de ser enganado, nem como a verdade podia deixar alguém tão triste. Aquilo não fazia sentido para ele. Já na estrada novamente ele contou ao seu companheiro de viagens o que tinha acontecido e o senhor, de voz calma e com a face sorridente lhe respondeu. "Meu jovem, ninguém gosta de ser enganado, mas todos gostam de acreditar em mágica."

Foi ai que ele percebeu que o seu desafio não era fazer truques e sim, fazê-los de maneira que não enganasse ninguém, sem dizer se era mágica ou não, sua função era apenas deixar que as pessoas sonhassem com o que preferissem sonhar. É como um escritor, ou um contador de histórias, que busca mais honestidade do que realidade.

A HISTÓRIA DE UMA MARCA É A NARRATIVA DE UM HERÓI



As maquinas param e ninguém sabe o motivo, a última gota do líquido escuro começa a escorrer pelo flutuante funil gigante. Ele corre em direção ao botão vermelho, todos ao redor o assistem com atenção, torcendo para que aquela gota não se perca ao cair no chão. A nova garrafa se revela de um compartimento secreto, ele a pega e corre desesperado até a beira do penhasco e em direção da gota, que cai do céu como que em câmera lenta. Alguns segundos o separam de salvar o mundo, ele só precisa salvar aquela gota, deixa-la cair, mas dentro da garrafa, para se tornar um herói. Parecia impossível, mas aconteceu. Seus esforços foram recompensados e a gota caiu dentro da garrafa.

A festa começa e a garrafa deve ser apresentada ao rei antes de partir e apesar de seu primeiro ato de heroísmo é ai que ele percebe que jornada não acabou, na verdade ela estava apenas começando.

A história acima é uma descrição minha de uma parte do comercial “The Happiness Factory” (em tradução livre a Fábrica da Felicidade), da Coca-Cola e é apenas um exemplo de como marcas não contam histórias, na verdade as marcas fazem parte dela. Nesse caso todo o universo se passa dentro da máquina de vendas da Coca-Cola e a história é apresentada do ponto de vista de um personagem. É importante que tenhamos em mente que histórias são sempre sobre pessoas, ou personagens que agem como pessoas.  É isso que nos ajuda a criar empatia com o espectador, fazendo, através de verdades humanas, com que ele se relacione com a história pelo ponto de vista do personagem.

Devemos também, ter em mente que quando nos referimos a “pessoas” e “personagem” indicamos apenas um ponto de vista responsável pela narrativa, uma personalidade que irá definir a maneira como os acontecimentos serão interpretados. Por exemplo: se pensarmos em uma senhora subindo uma enorme escada, a ação pode ser considerada um grande desafio, porém a mesma escada não seria um desafio tão grande para um jovem de 20 anos de idade. É essa diferença de olhar que define como iremos experimentar a história e o universo ao redor dela.

Quanto mais próximos estivermos do personagem, melhor entenderemos o universo e mais intensas serão as nossas percepções dos acontecimentos. É por causa dessa relação com o personagem que prendemos a respiração quando algo ruim acontece e sorrimos quando os objetivos do personagem são alcançados em uma série, filme ou livro.



Mudar o Mundo

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Você, recente ou assíduo leitor, deve ter percebido que o Palacios estava fazendo uma série de posts com o intuito de explicar as relações das histórias com vários segmentos da sociedade e, no final, haveria um post amarrando tudo e explicando a nossa proposta.

Mas muita coisa aconteceu no decorrer do processo e o post final acabou se transformando em algo maior. Após uma quinzena de reformulação, voltamos ao ar com um novo Stories We Like...Stories We Like Even More. :)

A diferença agora é que queremos adicionar você à receita antiga. Nosso objetivo é mudar a forma como as coisas são feitas e sua opinião é muito importante.