O QUE NÃO É STORYTELLING: 15 Tópicos Vão Mostrar O Que Você Não Deve Fazer Ao Criar Uma História.



Da série: Desvendando o Storytelling #Post 1
Veja o #Post 2: O QUE TENTA ENGANAR NO STORYTELLING
Veja o #Post 3: O QUE TODO MUNDO DIZ SER STORYTELLING
Veja o #Post 4: O QUE PODERIA SER Storytelling, MAS AINDA É storytelling
Veja o #Post 5: O QUE É STORYTELLING
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                                                A Mala Rosa

A mala rosa havia observado o interior daquele armário antigo todos os dias, durante os treze anos de sua existência. Já sabia mais ou menos a que horas aquela mulher alta e esguia abriria a porta para procurar uma roupa adequada: oito da manhã e sete da noite. Terninho com calça cumprida, saia, blusas de seda, de fato tinha um bom gosto. A mala rosa nunca se importara com a incidência da forte luz amarelada todas as vezes que a porta se abria. Tampouco se preocupava com a escuridão do armário durante a maior parte do dia.
Em uma dessas aberturas de porta, lá foi a mala rosa arrancada de seu local com força e rapidez. Todas as roupas, artigos de banho e sapatos que a mulher lhe jogou,  guardou, sem pestanejar. Foi arrastada até o carro, onde novamente a trancaram no escuro. Chegou ao aeroporto, rolou pelo chão sujo até pegar carona na esteira rolante e sentou no avião, ao lado outras malas, com diferentes cores e tamanhos. Por fim, foi jogada em outra esteira, onde depois de rodar por volta de meia hora, voltou às mãos da mulher esguia.
Ao chegar na nova casa, a mala rosa foi colocada em outro armário, dessa vez um pouco mais moderno, porém muito mais sujo e por lá permaneceu até o fim de sua vida.
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Um texto bem escrito, metafórico, que soa poético, pode até ser considerado bonito ou artístico. Ao se deparar com esse de construção, alguns podem ficar horas se perguntando qual o sentido escondido que o genial autor procurou colocar em sua arte. Porém, apesar desse tipo de narrativa ser apreciado por muitos, ela não é considerada Storytelling.  

Em nosso texto sobre a mala rosa, colocamos um personagem principal que não poderia sê-lo. A mala não tem nenhum sentimento e se mostra completamente indiferente a tudo o que acontece a sua volta. Sendo assim, ela não possui uma personalidade, e sem a verdade humana, não temos uma história. Caso eu quisesse contar a vida de sua dona através da mala, eu teria, então, que demonstrar as emoções, desejos e conflitos dessa personagem de forma que o público possa com ela se identificar e tenha curiosidade para entender a sua história.

Saiba agora o que mais NÃO é Storytelling.

Storytelling...

1) Não é expressão de fatos consecutivos sem conexão entre si.
Por mais articulado que seja o autor ao contar uma história sem sentido, para ser considerada Storytelling, a narrativa deve ter uma trama que se conecta e é revelada ao longo da história, fazendo sentido para o público.

2) Não é uma apresentação de dados que você normalmente vê.
Apresentações de dados podem ser transformadas em Storytelling. Porém, poucas empresas fazem isso. O que mais se usa em apresentações de dados ou de projetos, é um dos grandes DON’Ts do Storytelling. Chamamos de Answer First, o ato de dar respostas a audiência antes que ela tenha começado a formular qualquer pergunta. É o famoso “Viemos apresentar um projeto sobre...”. No Storytelling é preciso envolver a audiência e dar subsídios para que ela formule perguntas, que serão respondidas ao longo da narrativa.

3) Não é um vídeo no Youtube mostrando o dia-a-dia do seu gato
Discovery Channel também não é Storytelling. Uma história deve ser sobre pessoas, ou animais ou coisas que carreguem a verdade humana. Perceba que é possível sim chorar com o robozinho da Pixar, mas somente se ele for tão humano quanto nós.

4) Não é bolacha de bar com “historinha”
Algumas marcas, querendo inovar utilizando o Storytelling, podem cair no erro de colocar “historinhas” superficiais em sua comunicação. O universo pensado para criar uma história de um parágrafo, precisa ser rico e profundo.

5) Não é “os 50 anos da empresa no mercado”
Não é qualquer fato, ou a sucessão deles que podem ser transformados em história. O Storytelling é apenas recorte de uma grande história. E deve ser a respeito de um momento importante, excepcional na vida de alguém.

6) Não é comercial de margarina
No Storytelling, é preciso ter conflito, escolhas, problemas, erros e consequências. Se todos estão felizes e sorridentes, temos um belo comercial, porém uma péssima história.

7) Não é uma mentira bem contada
Storytelling não deve mascarar a verdade ou tentar manipular a audiência. Deve seguir os preceitos de ética e estabelecer uma relação de confiança com o consumidor ou com o leitor.

8) Não é duplicação
Storytelling deve ter originalidade. O autor deve conseguir fazer uma escolha distinta de tema com uma forma única de moldar a narração.

9) Não é sobre estereótipos
Segundo Robert McKee, guru de Hollywood, uma história estereotípica sofre de pobreza tanto na forma quanto no conteúdo e confina-se em uma experiência sócio cultural limitada e generalista. Já uma história sobre arquétipos desenterra a experiência humana universal, e  então se encasula em uma expressão sociocultural única.

10) Não é para ser  incompreendido
Se o público não entende o que o autor quis dizer, isso não é Storytelling. Possivelmente houve um erro de trama ou modo de contar a história. Um bom Storyteller sabe exatamente o que quer passar e o sentimento que quer evocar quando conta uma história.

11) Não é para ser entediante
Sabe quando alguém conta uma piada muito bem e todo mundo dá risada, mas quando outra pessoa conta, é totalmente sem graça? O mesmo se aplica para o Storytelling. A forma de contar a história deve aguçar a curiosidade da audiência e surpreendê-la. Para isso, é preciso saber bem como usar o “telling”.

12) Não é sem propósito
Tanto o(s) personagem(ns) principal(is) quanto o autor devem saber exatamente o que querem. Já na primeira estrutura do teatro grego, cada personagem tinha um desejo e uma finalidade na história. Um personagem ou um autor sem propósito desencadeiam uma trama sem rumo e sem sentido.

13) Não pode ser óbvio
A audiência pode até saber onde o autor vai chegar em uma comédia romântica, por exemplo, mas se interessa por descobrir o desenrolar da trama. Se a audiência sabe como vão acontecer os fatos, dificilmente ela perderá muito do seu tempo com aquela história.

14) Não contém escolhas fáceis
O famoso personagem sortudo que consegue tudo o que precisa, na hora em que precisa, não funciona para histórias. Se o personagem não tem dificuldades; se as escolhas que ele deve fazer são óbvias e não geram nenhum conflito, a história perde sua força e seu poder de gerar mudanças.

15) Não começa e termina da mesma forma
Escolhas difíceis, conflitos e eventos incitantes servem apenas para incentivar que o personagem sofra uma mudança. No Storytelling, o personagem deve sempre terminar a história completamente transformado em relação a maneira como a começou. Uma narrativa em que o personagem não muda, não aprende nada e não precisa fazer nenhum sacrifício, é uma narrativa sem propósito.

Não há uma única receita para se fazer Storytelling. Há porém fôrmas a serem utilizadas que podem dar origem a diferentes bolos. Na Storytellers, seguimos um princípio e não uma regra. Aprendemos, analisamos, testamos e ensinamos modos de se contar histórias que funcionaram para nós e diversas pessoas e empresas.

Ficou curioso para saber como utilizar bem todas as dicas colocadas? Quer entender o que são e como usar arquétipos? Quer construir um universo ficcional? Entender como usar o Storytelling para a sua marca empresarial? E a pessoal? (Sim, você também é uma marca!)

Fique atento às datas dos nossos curso!
O próximo será no Rio de Janeiro, com Fernando Palacios. 7 de Novembro de 2015. 
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