O QUE NÃO É STORYTELLING: 15 Tópicos Vão Mostrar O Que Você Não Deve Fazer Ao Criar Uma História.

https://www.storytellers.com.br/2015/10/o-que-nao-e-storytelling.html
Da série: Desvendando o Storytelling #Post 1
Veja o #Post 2: O QUE TENTA ENGANAR NO STORYTELLING
Veja o #Post 3: O QUE TODO MUNDO DIZ SER STORYTELLING
Veja o #Post 4: O QUE PODERIA SER Storytelling, MAS AINDA É storytelling
Veja o #Post 5: O QUE É STORYTELLING
Veja o #Post 2: O QUE TENTA ENGANAR NO STORYTELLING
Veja o #Post 3: O QUE TODO MUNDO DIZ SER STORYTELLING
Veja o #Post 4: O QUE PODERIA SER Storytelling, MAS AINDA É storytelling
Veja o #Post 5: O QUE É STORYTELLING

A Mala Rosa
A mala rosa havia observado o interior daquele armário antigo todos os dias, durante os treze anos de sua existência. Já sabia mais ou menos a que horas aquela mulher alta e esguia abriria a porta para procurar uma roupa adequada: oito da manhã e sete da noite. Terninho com calça cumprida, saia, blusas de seda, de fato tinha um bom gosto. A mala rosa nunca se importara com a incidência da forte luz amarelada todas as vezes que a porta se abria. Tampouco se preocupava com a escuridão do armário durante a maior parte do dia.
Em
uma dessas aberturas de porta, lá foi a mala rosa arrancada de seu local com
força e rapidez. Todas as roupas, artigos de banho e sapatos que a mulher lhe
jogou, guardou, sem pestanejar. Foi
arrastada até o carro, onde novamente a trancaram no escuro. Chegou ao aeroporto,
rolou pelo chão sujo até pegar carona na esteira rolante e sentou no avião, ao
lado outras malas, com diferentes cores e tamanhos. Por fim, foi jogada em
outra esteira, onde depois de rodar por volta de meia hora, voltou às mãos da
mulher esguia.
Ao
chegar na nova casa, a mala rosa foi colocada em outro armário, dessa vez um
pouco mais moderno, porém muito mais sujo e por lá permaneceu até o fim de sua
vida.
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Um
texto bem escrito, metafórico, que soa poético, pode até ser considerado bonito
ou artístico. Ao se deparar com esse de construção, alguns podem ficar horas se
perguntando qual o sentido escondido que o genial autor procurou colocar em sua
arte. Porém, apesar desse tipo de narrativa ser apreciado por muitos, ela não é
considerada Storytelling.
Em nosso texto sobre a mala rosa, colocamos um personagem
principal que não poderia sê-lo. A mala não tem nenhum sentimento e se mostra
completamente indiferente a tudo o que acontece a sua volta. Sendo assim, ela
não possui uma personalidade, e sem a verdade humana, não temos uma história.
Caso eu quisesse contar a vida de sua dona através da mala, eu teria, então,
que demonstrar as emoções, desejos e conflitos dessa personagem de forma que o
público possa com ela se identificar e tenha curiosidade para entender a sua
história.
Saiba agora o que mais NÃO
é Storytelling.
Storytelling...
1) Não é expressão de fatos consecutivos sem
conexão entre si.
Por
mais articulado que seja o autor ao contar uma história sem sentido, para ser
considerada Storytelling, a narrativa deve ter uma trama que se conecta e é
revelada ao longo da história, fazendo sentido para o público.
2) Não é uma apresentação de dados que você
normalmente vê.
Apresentações
de dados podem ser transformadas em Storytelling. Porém, poucas empresas fazem
isso. O que mais se usa em apresentações de dados ou de projetos, é um dos
grandes DON’Ts do Storytelling. Chamamos de Answer
First, o ato de dar respostas a audiência antes que ela tenha começado a formular
qualquer pergunta. É o famoso “Viemos apresentar um projeto sobre...”. No
Storytelling é preciso envolver a audiência e dar subsídios para que ela formule
perguntas, que serão respondidas ao longo da narrativa.
3) Não é um vídeo no Youtube mostrando o dia-a-dia
do seu gato
Discovery
Channel também não é Storytelling. Uma história deve ser sobre pessoas, ou
animais ou coisas que carreguem a verdade humana. Perceba que é possível sim
chorar com o robozinho da Pixar, mas somente se ele for tão humano quanto nós.
4) Não é bolacha de bar com “historinha”
Algumas
marcas, querendo inovar utilizando o Storytelling, podem cair no erro de
colocar “historinhas” superficiais em sua comunicação. O universo pensado para
criar uma história de um parágrafo, precisa ser rico e profundo.
5) Não é “os 50 anos da empresa no mercado”
Não
é qualquer fato, ou a sucessão deles que podem ser transformados em história. O
Storytelling é apenas recorte de uma grande história. E deve ser a respeito de
um momento importante, excepcional na vida de alguém.
6) Não é comercial de margarina
No
Storytelling, é preciso ter conflito, escolhas, problemas, erros e consequências.
Se todos estão felizes e sorridentes, temos um belo comercial, porém uma
péssima história.
7) Não é uma mentira bem contada
Storytelling
não deve mascarar a verdade ou tentar manipular a audiência. Deve seguir os
preceitos de ética e estabelecer uma relação de confiança com o consumidor ou com
o leitor.
8) Não é duplicação
Storytelling
deve ter originalidade. O autor deve conseguir fazer uma escolha distinta de
tema com uma forma única de moldar a narração.
9) Não é sobre estereótipos
Segundo
Robert McKee, guru de Hollywood, uma história estereotípica sofre de pobreza
tanto na forma quanto no conteúdo e confina-se em uma experiência sócio
cultural limitada e generalista. Já uma história sobre arquétipos desenterra a experiência humana universal, e então se encasula em uma expressão
sociocultural única.
10) Não é para ser incompreendido
Se o
público não entende o que o autor quis dizer, isso não é Storytelling. Possivelmente
houve um erro de trama ou modo de contar a história. Um bom Storyteller sabe
exatamente o que quer passar e o sentimento que quer evocar quando conta uma
história.
11) Não é para ser entediante
Sabe
quando alguém conta uma piada muito bem e todo mundo dá risada, mas quando
outra pessoa conta, é totalmente sem graça? O mesmo se aplica para o
Storytelling. A forma de contar a história deve aguçar a curiosidade da
audiência e surpreendê-la. Para isso, é preciso saber bem como usar o “telling”.
12) Não é sem propósito
Tanto
o(s) personagem(ns) principal(is) quanto o autor devem saber exatamente o que
querem. Já na primeira estrutura do teatro grego, cada personagem tinha um
desejo e uma finalidade na história. Um personagem ou um autor sem propósito desencadeiam
uma trama sem rumo e sem sentido.
13) Não pode ser óbvio
A
audiência pode até saber onde o autor vai chegar em uma comédia romântica, por
exemplo, mas se interessa por descobrir o desenrolar da trama. Se a audiência
sabe como vão acontecer os fatos, dificilmente ela perderá muito do seu tempo
com aquela história.
14) Não contém escolhas fáceis
O
famoso personagem sortudo que consegue tudo o que precisa, na hora em que
precisa, não funciona para histórias. Se o personagem não tem dificuldades; se
as escolhas que ele deve fazer são óbvias e não geram nenhum conflito, a
história perde sua força e seu poder de gerar mudanças.
15) Não começa e termina da mesma forma
Escolhas
difíceis, conflitos e eventos incitantes servem apenas para incentivar que o
personagem sofra uma mudança. No Storytelling, o personagem deve sempre
terminar a história completamente transformado em relação a maneira como a
começou. Uma narrativa em que o personagem não muda, não aprende nada e não
precisa fazer nenhum sacrifício, é uma narrativa sem propósito.
Não há uma única receita para se fazer Storytelling. Há
porém fôrmas a serem utilizadas que podem dar origem a diferentes bolos. Na
Storytellers, seguimos um princípio e não uma regra. Aprendemos, analisamos,
testamos e ensinamos modos de se contar histórias que funcionaram para nós e
diversas pessoas e empresas.
Ficou curioso para saber como utilizar bem todas as dicas
colocadas? Quer entender o que são e como usar arquétipos? Quer construir um
universo ficcional? Entender como usar o Storytelling para a sua marca
empresarial? E a pessoal? (Sim, você também é uma marca!)
Fique
atento às datas dos nossos curso!
O próximo será no Rio de Janeiro, com Fernando Palacios. 7 de
Novembro de 2015.